Doação de ovócitos 2025 – Custos, taxas de sucesso e situação legal no Brasil

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Zappelphilipp Marx
Placas de Petri e microscópio de FIV num laboratório durante a preparação para doação de ovócitos

A doação de ovócitos é, para muitas pessoas, a via mais realista para ter um filho. No Brasil, o procedimento é permitido e regulado por normas éticas do Conselho Federal de Medicina (CFM). Este guia explica, de forma neutra, o processo, o quadro legal brasileiro, saúde & riscos, taxas de sucesso, custos e documentos — além de pontos éticos e do debate atual. No fim, indicamos alternativas legais e como a RattleStork pode ajudar noutros caminhos.

Como funciona & fundamentos

Doadoras são estimuladas com hormonas; ovócitos maduros são coletados e fecundados em laboratório com sémen (FIV/ICSI). Dependendo da clínica, transferem-se 1–2 embriões e criopreservam-se excedentes. A recetora leva a gestação; geneticamente, a criança tem origem na doadora.

Enquadramento legal no Brasil

No Brasil, a reprodução assistida é regulada por resoluções do CFM. A Resolução CFM nº 2.320/2022 estabelece que a doação é altruísta (sem caráter comercial), com sigilo entre doadores e recetores — salvo quando houver parentesco até 4º grau, desde que sem consanguinidade. Define, ainda, limites etários usuais para doação (mulheres até 37 anos; homens até 45) e proíbe que a cedente temporária do útero seja a doadora dos óvulos/embriões. Como não há lei federal específica aprovada pelo Congresso, o país adota parâmetros técnicos/éticos do CFM para a prática clínica (Senado). A idade máxima usual para candidatas à gestação assistida é 50 anos, com exceções médicas justificadas (AMB).

Filiação

Em regra civil, a maternidade decorre do parto (mater semper certa est); a doadora não é considerada mãe jurídica. O consentimento informado e os registos clínicos estruturam a filiação no contexto da PMA no Brasil.

Saúde & riscos

Doadoras: efeitos da estimulação costumam ser ligeiros. A síndrome de hiperestimulação ovárica (OHSS) é rara e mitigada com protocolos modernos (p.ex., trigger com GnRH, “freeze-all”).

Recetoras: há risco acrescido de doença hipertensiva da gravidez (sobretudo pré-eclâmpsia); são padrão a avaliação prévia, estratificação de risco, eventual AAS profilático e vigilância próxima.

Rastreio de doadoras & matching

Centros sérios avaliam história clínica, idade/AMH, infeções (HIV, HBV/HCV, sífilis), grupo/Rh e, muitas vezes, painéis genéticos. O matching pode ser fenotípico, por grupo sanguíneo ou por preferências clínicas. Na UE, o Single European Code assegura rastreabilidade de tecidos e células (Comissão Europeia).

Taxas de sucesso

Registos internacionais reportam, frequentemente, 45–55% de gravidez clínica por transferência com ovócitos doados. Varia conforme idade/saúde da doadora, qualidade laboratorial/embrionária, número de transferências e fatores uterinos. Ver dados da CDC e relatório ART da ESHRE.

Comparação entre países (2025) – regras, pacotes, preços

Valores indicativos; pacotes, vias legais e prazos variam consoante a clínica.

PaísModelo de doaçãoLei/transparênciaPacote típicoCustos* (sem viagem)EsperaNota
Espanhamuito anónimaregisto, SECFIV/ICSI + 1–2 transferências€ 7.000–11.000curtagrande oferta de doadoras
Chéquiamuito anónimadepende da clínicaFIV/ICSI + 1 transferência€ 6.000–9.000curtaprazos curtos
Gréciamaiorit. anónimaregras judic./admin.FIV/ICSI + criopreservação€ 6.500–10.000médiafechar documentos cedo
Portugalabertaregisto estatal; acesso aos 18FIV/ICSI + 1–2 transferências€ 7.000–11.000médiadireito às origens
Françaabertasem anonimatoFIV/ICSI + registo€ 7.000–11.000médiaalta transparência
Bulgáriamuito anónimalimites por doadoraFIV/ICSI€ 5.500–8.500curtaver normas locais
Geórgialiberalnormas em mudançaFIV/ICSI + contratos€ 5.000–8.000curtaatenção à segurança jurídica
Ucrânialiberalcontexto volátilFIV/ICSI€ 5.000–8.000médiarisco político
Israelreguladaautorização necessáriaFIV/ICSI + comissão€ 9.000–12.000médiarequisitos rigorosos
EUAabertavaria por EstadoFIV/ICSI + testes extensos≥ € 15.000curtacustos mais altos
Canadáaltruístaproibida remuneraçãoFIV/ICSI + despesas€ 10.000–14.000médiacomprovativos necessários
Japãomuito anónimaacesso limitadoFIV/ICSI€ 8.000–12.000médiaprática varia

*Pacotes não incluem fármacos, viagem/estadia, genética opcional (p.ex., PGT-A), taxas de criopreservação e transferências subsequentes. Na UE, aplica-se a rastreabilidade pelo Single European Code.

Orçar o total com realismo

Para a Europa, um orçamento global de ~€ 12.000–20.000 é plausível. Extras: fármacos, viagem/estadia, add-ons laboratoriais (assisted hatching, time-lapse), PGT-A (opcional), armazenamento criogénico, transferências posteriores e traduções juramentadas. Na América do Norte, o total tende a ser substancialmente maior. As probabilidades acumuladas sobem com múltiplas transferências.

Documentos & retorno após tratamento no exterior

Essenciais: dossiê clínico completo (estimulação, laboratório, embriologia), consentimentos, dados da doadora conforme a lei local (aberta/anónima, registos), relatórios de transferência, exames relevantes, histórico vacinal e traduções juramentadas. Verifica previamente as exigências do país de destino e do Brasil; registos claros agilizam respostas de entidades brasileiras.

Ética & direitos da criança

Centrais: informação sem pressão, proteção da doadora (médica/social), transparência sobre a origem genética e documentação de longo prazo. Vários países migraram do anonimato para modelos abertos com direito de acesso na maioridade. Dar a conhecer as origens pode favorecer a construção da identidade na vida adulta.

Debate regulatório (2025)

O Brasil opera por resoluções do CFM — com atualizações periódicas — enquanto não há lei federal específica. A Res. 2.320/2022 consolidou regras sobre anonimato, parentesco até 4º grau, limites etários e documentação; discussões académicas e jurídicas seguem em curso.

Alternativas legais no Brasil

Doação de sémen: permitida e regulada por resoluções do CFM; prática consolidada em serviços privados, com prontuário e confidencialidade.

Doação de embriões: admitida de forma regulada e confidencial; oferta é limitada e requer acompanhamento médico-legal próximo.

Preservação da fertilidade (social freezing): criopreservação de ovócitos próprios é permitida; qualquer destino a terceiros obedece às normas éticas do CFM.

Nota importante & alternativa com a RattleStork

A RattleStork não oferece nem intermedeia doação de ovócitos. Como alternativa segura e legal, apoiamos o teu arranque na doação de sémen — com perfis verificados, guiões práticos e encaminhamento para serviços credenciados. Foco na segurança clínica, documentação e nos direitos da criança.

App RattleStork aberta num smartphone com um perfil de dador de sémen verificado
RattleStork: alternativa segura no Brasil — doação de sémen com informação e proteção da criança.

Checklist da clínica (curta & prática)

  • Legalidade: anonimato/parentesco (até 4º grau), prontuário completo, termos de consentimento.
  • Rastreio da doadora: infeções, painéis genéticos, AMH/idade, apoio psicológico.
  • Qualidade do laboratório: equipa de embriologia, taxas auditáveis, protocolos de blastocisto/crio.
  • Segurança: prevenção de OHSS, redução de múltiplos (single-embryo transfer), prevenção de pré-eclâmpsia.
  • Contratos & documentação: consentimentos, traduções, cópias certificadas, dossiê completo.
  • Orçamento & logística: fármacos, viagem, transferências subsequentes, extras; cronograma realista.

Quando consultar médica/médico

Sempre antes do tratamento: avaliação de riscos e medicação, comorbidades, riscos da gestação, eventual AAS e plano de vigilância; garante a continuidade de cuidados no Brasil.

Conclusão

No Brasil, a doação de ovócitos é possível e regulada por normas éticas do CFM. Segurança jurídica, qualidade laboratorial, acompanhamento médico rigoroso e orçamento realista ao longo de vários ciclos são determinantes. A maternidade legal decorre do parto; o anonimato entre doadora e recetora é a regra (com exceção de parentesco até 4º grau). Planejamento estruturado e documentação completa aumentam a segurança e as hipóteses de sucesso.

Leitura útil (curada): CFM – atualização das regrasResolução CFM nº 2.320/2022Senado – panorama regulatórioAMB – parâmetros éticosCDC ARTESHRE ART ReportSingle European Code.

Aviso legal: O conteúdo da RattleStork é fornecido apenas para fins informativos e educacionais gerais. Não constitui aconselhamento médico, jurídico ou profissional; nenhum resultado específico é garantido. O uso destas informações é por sua conta e risco. Consulte o nosso aviso legal completo.

Frequently Asked Questions (FAQ)

Sim. É permitida e regulada por resoluções do CFM; a prática segue parâmetros éticos e técnicos nacionais.

Regra geral, sim: doadores e recetores não conhecem a identidade um do outro. Exceção para parentesco até 4º grau, sem consanguinidade, conforme CFM 2.320/2022.

Em regra civil, a maternidade decorre do parto (mater semper certa est); a doadora não adquire estatuto de mãe jurídica por doar ovócitos.

Frequentemente 45–55% por transferência com ovócitos doados, variando por idade da doadora, qualidade do laboratório e fatores uterinos.

Geralmente leves; a síndrome de hiperestimulação ovárica é rara e prevenida com protocolos atuais e monitorização clínica.

Sim, maior risco de doença hipertensiva da gravidez; exige vigilância e medidas preventivas personalizadas.

Na Europa, em regra € 12.000–20.000 (sem viagem/estadia). Na América do Norte, o total tende a ser mais alto; múltiplas transferências elevam a chance acumulada.

Nem sempre. Confirma definições e pergunta pela idade média das doadoras, número de transferências e qualidade do laboratório.

Pode ser útil em casos selecionados, mas não garante gravidez; discute riscos/benefícios com a clínica.

Sim, a preservação da fertilidade é permitida; qualquer doação a terceiros segue as normas do CFM.

Dossiê clínico completo, consentimentos, registos da doadora, relatórios de transferência e traduções juramentadas conforme necessário.

Não. A RattleStork não oferece nem intermedeia doação de ovócitos; apoiamos caminhos legais como a doação de sémen, com foco em segurança e documentação.

Verifica adesão às resoluções do CFM, protocolos de rastreio e consentimento, qualidade do laboratório, taxas auditáveis e documentação completa.