Doação de óvulos 2025 – Custos, taxas de sucesso e marco legal no Brasil

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Zappelphilipp Marx
Análise de laboratório antes de uma doação de óvulos

Cada vez mais casais no Brasil recorrem à doação de óvulos porque a concepção natural não ocorre. Aqui, a doação é permitida pela Resolução CFM 2294/21 e regulada pela Anvisa e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Este guia reúne tudo o que você precisa saber: protocolo médico, custos, taxas de sucesso, marco legal brasileiro e até opções internacionais que muitos casais consideram.

Como funciona a doação de óvulos?

Primeiro, a doadora faz medicamento hormonal (estímulo ovariano) para amadurecer vários óvulos. Sob sedação leve, o médico faz a punção folicular guiada por ultrassom e coleta esses óvulos. No laboratório, acontece a fecundação in vitro (FIV) ou a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). Após cultivo de alguns dias, os embriões resultantes são transferidos para o útero da receptora. Geneticamente, o bebê vem da doadora, mas, conforme Resolução CFM 2294/21, a mãe legal é a mulher que carregou e deu à luz a criança.

Marco legal no Brasil (junho de 2025)

A doação de óvulos é regulamentada pela Resolução CFM 2294/21, que estabelece critérios para doadoras, doadoras autônomas e receptores. A Anvisa fiscaliza as clínicas de reprodução assistida para assegurar a segurança e a qualidade dos procedimentos. A doadora deve ter entre 21 e 34 anos, comprovar boa saúde física e mental, passar por exames infecciosos e genéticos e assinar termo de consentimento esclarecido. Não é permitida a venda de óvulos; só se reembolsa despesas médicas, deslocamento e afastamento do trabalho (até cerca de R$ 5 000). A identidade da doadora é mantida em sigilo: as crianças podem ter acesso a dados não identificáveis aos 18 anos, mas nunca ao nome completo da doadora.

Doação de embriões – válida, mas menos frequente

A doação de embriões excedentes congelados de ciclos de FIV também é permitida (Resolução CFM 2294/21). Casais com embriões criopreservados podem disponibilizá-los a outros casais, desde que façam avaliação médica e psicológica e assinem consentimento formal. Clínicas autorizadas pelos órgãos competentes controlam rigorosamente todo o processo. Embora menos comum que a doação de óvulos, a doação de embriões é uma opção legal para quem já tenha passado por tratamentos anteriores.

Direito de filiação: Quem é mãe?

De acordo com o Código Civil, art. 1.597, a mãe legal é a mulher que dá à luz. Mesmo que o embrião venha de óvulos de doadora, a recebedora é inscrita como mãe no registro civil ao nascer. Não há necessidade de adoção posterior; a maternidade já está definida no ato do registro de nascimento. Em eventuais disputas, prevalece a filiação biológica e gestacional conforme previsto pelo CFM.

Gestação de substituição – regulamentada e restrita

A gestação de substituição (barriga de aluguel) é permitida no Brasil apenas como altruísta, segundo a Lei Federal 11423/06 e a Resolução CFM 2294/21. A gestante substituta não pode receber pagamento além das despesas médicas, alimentação e cobertura de riscos, estimadas em até R$ 5 000. É preciso contrato homologado judicialmente, comprovante de inexistência de gravidez anterior da substituta e laudo psicológico. A doação de óvulos e a gestação de substituição são tratadas como processos distintos; quem junta ambos deve atender às exigências de cada procedimento.

Riscos médicos na doação de óvulos

Doadoras: Os efeitos colaterais comuns da estimulação ovariana incluem desconforto abdominal leve, náusea e cefaleia. O Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO) grave ocorre em cerca de 1% dos ciclos Braat 2014. A punção folicular é minimamente invasiva, mas envolve risco reduzido de sangramento ou infecção. Receptoras: Estudo sueco mostrou que gestações com óvulos doados têm risco aproximadamente duas vezes maior de pré-eclâmpsia em relação a gestações com óvulos autólogos Magnusson 2021. Em clínicas registradas na Anvisa, com monitoramento rigoroso (US e Doppler em intervalos regulares), a maioria dos ciclos decorre sem complicações sérias.

Taxas de sucesso atuais

Segundo o relatório mais recente da ESHRE, em 2019 as cycles de doação de óvulos na Europa apresentaram taxa de gravidez clínica de 50,5% por transferência de embrião fresco ESHRE 2023. Nos EUA, o CDC registrou taxa de nascidos vivos de cerca de 55% por ciclo em receptoras com menos de 30 anos usando óvulos doados CDC 2022. Clínicas brasileiras de referência, como o Tonelli Fertility em Campinas e o Fertirelá em São Paulo, relatam taxas de sucesso superiores a 60% quando empregam teste genético pré-implantacional (PGT-A) Embriogyn 2024. Fatores determinantes são a idade e a saúde da doadora, qualidade embrionária e experiência da equipe de embriologia.

Comparativo de custos para 2025

No Brasil, um ciclo completo de doação de óvulos —englobando medicação, monitoramento e procedimento— varia entre R$ 25 000 e R$ 40 000. Muitas vezes há custos adicionais de desconforto e deslocamento, totalizando cerca de R$ 30 000 a R$ 45 000 por ciclo. Alguns casais optam por tratamento no exterior para reduzir custos ou diminuir tempo de espera. Abaixo, 13 destinos populares com valores aproximados convertidos para reais (BRL):

  • Espanha – € 7 000–11 000 (R$ 42 000–66 000), doação anônima, taxas de sucesso até 60%
  • República Tcheca – € 6 000–9 000 (R$ 36 000–54 000), doação anônima, listas de espera curtas
  • Grécia – € 6 500–10 000 (R$ 39 000–60 000), leis de rastreabilidade desde 2023
  • Portugal – € 6 500–11 000 (R$ 39 000–66 000), sem anonimato; filho pode acessar dados do doador aos 18 anos
  • Bulgária – € 5 500–8 500 (R$ 33 000–51 000), doação anônima, máximo cinco filhos por doadora
  • Ucrânia – € 5 000–8 000 (R$ 30 000–48 000), legislação liberal mas risco político
  • Estados Unidos – US$ 18 000–25 000 (R$ 94 000–130 000), doação aberta, triagem genética extensa
  • Canadá – US$ 15 000–20 000 (R$ 78 000–104 000), sistema altruísta, sem pagamento à doadora
  • Israel – US$ 10 000–14 000 (R$ 52 000–73 000), doação anônima, exigências médicas rigorosas
  • Japão – US$ 9 000–13 000 (R$ 47 000–68 000), doação anônima, regras de divulgação limitadas
  • Hungria – US$ 6 500–9 500 (R$ 34 000–50 000), apenas doações de familiares, sem anonimato
  • Geórgia – US$ 5 000–8 000 (R$ 26 000–42 000), leis permissivas, tempos de espera curtos
  • França – € 7 000–11 000 (R$ 42 000–66 000), sem anonimato desde 2022

Além da taxa da clínica, some medicamentos, deslocamentos e hospedagem. Para tratamento no exterior, muitos casais brasileiros planejam um orçamento total entre R$ 80 000 e R$ 140 000 por ciclo, dependendo do destino e da duração da estadia.

Perspectivas: Haverá reformas no Brasil?

A Resolução CFM 2294/21 entrou em vigor recentemente e aguarda ajustes no marco regulatório da Anvisa. Grandes mudanças não são esperadas antes de 2026. Casais interessados devem acompanhar o site da Anvisa e do CFM para qualquer atualização sobre novas diretrizes ou portarias.

Doação de sêmen – alternativa rápida e legal

Se a infertilidade for de origem masculina, a doação de sêmen é legal e mais simples no Brasil. RattleStork conecta futuros pais a doadores verificados, oferecendo mensagens seguras, acompanhamento de ciclos e contratos legais padrão em um aplicativo intuitivo. A plataforma garante exames médicos e aconselhamento obrigatório para ambas as partes, tornando a doação de sêmen uma opção acessível e confiável.

RattleStork – aplicativo de doação de sêmen
Ilustração: RattleStork – aplicativo de doação de sêmen

Conclusão

A doação de óvulos no Brasil é permitida e regulamentada pela Resolução CFM 2294/21 e pela Anvisa, mas envolve custos significativos e burocracia. Muitos optam por tratamento internacional para reduzir tempo de espera ou custos. Quem considerar essa alternativa deve escolher clínica autorizada, buscar orientação jurídica especializada e planejar orçamento e logística com antecedência. Uma preparação completa é essencial para maximizar as chances de sucesso.

Aviso legal: O conteúdo da RattleStork é fornecido apenas para fins informativos e educacionais gerais. Não constitui aconselhamento médico, jurídico ou profissional; nenhum resultado específico é garantido. O uso destas informações é por sua conta e risco. Consulte o nosso aviso legal completo.

Perguntas frequentes (FAQ)

Sim. A doação de óvulos é permitida e regulamentada pelas resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM), que definem critérios e limites para a sua prática.

No Brasil, a seleção da doadora é realizada pela equipe médica, com base em critérios clínicos como saúde, histórico familiar e rastreio de doenças. Geralmente, a identidade da doadora permanece confidencial, e apenas informações não identificadoras são compartilhadas com a recebedora.

Embora não haja um limite legal rígido, muitas clínicas estabelecem critérios baseados na avaliação médica e recomendações que, em geral, sugerem que a recebedora não ultrapasse os 50 anos. Cada caso deve ser analisado individualmente, considerando os riscos e a saúde da paciente.

No Brasil, a identidade da doadora é mantida em sigilo conforme as diretrizes do CFM. No entanto, o debate sobre o direito à informação genética ainda é recorrente, e alguns casos podem ser levados ao judiciário. Atualmente, o procedimento padrão garante a confidencialidade dos dados da doadora.

As normas do CFM estipulam um número máximo de ciclos de estimulação para a doação de óvulos, assim como um limite para o número de nascidos decorrentes da mesma doação, garantindo a segurança física e evitando possíveis complicações relacionadas à origem genética.

Entre os principais riscos estão os efeitos colaterais da estimulação hormonal (como dores de cabeça, inchaço, náuseas) e o risco de desenvolver a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO). Além disso, a punção folicular pode ocasionar complicações como sangramentos ou infecções, embora sejam raras.

Não. No Brasil, a maternidade é atribuída à mulher que realiza a gestação e dá à luz, não havendo qualquer vínculo legal ou responsabilidade parental da doadora em relação à criança.

Sim, alguns casais optam por tratamentos no exterior. Contudo, é fundamental verificar se o procedimento realizado fora do Brasil atenderá aos critérios de segurança e se será reconhecido juridicamente quando o casal retornar ao país.

Os valores variam conforme a clínica e se o tratamento é realizado na rede privada ou pública. Em clínicas privadas, os custos podem incluir desde a estimulação e coleta dos óvulos até a fertilização e transferência embrionária, podendo chegar a cifras elevadas. Em instituições públicas, o acesso é subsidiado, mas há maior tempo de espera e critérios clínicos rigorosos.

A cobertura varia de acordo com a apólice e a operadora de saúde. Geralmente, os planos de saúde podem ajudar com parte dos custos relacionados a exames e procedimentos, mas não costumam cobrir a totalidade dos gastos com tratamentos de reprodução assistida. É importante consultar o seu seguro para detalhes específicos.

As taxas de sucesso dependem de vários fatores, como a idade da recebedora, a qualidade dos óvulos doados e a técnica de fertilização empregada. Em muitas clínicas especializadas, a taxa de gravidez por ciclo pode chegar a 50% ou mais, especialmente com o uso de técnicas avançadas como a ICSI e o rastreio genético dos embriões.

Sim, embora ambos os procedimentos sejam regulamentados, a doação de óvulos envolve procedimentos mais invasivos e complexos do ponto de vista médico. Além disso, as questões éticas e o sigilo da identidade tendem a ser mais debatidos na ovodoação. Já a doação de sêmen, por ser menos invasiva, geralmente segue protocolos mais simples.

Sim. A criopreservação de óvulos, ou “social freezing”, é uma prática que vem ganhando espaço no Brasil. No entanto, esses óvulos congelados são destinados ao uso pessoal e não podem ser doados a terceiros.