Informações jurídicas sobre a doação de esperma em Portugal 2025: enquadramento legal e riscos jurídicos

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escrito por Philomena Marx30 de maio de 2025
Informações jurídicas sobre a doação de esperma em Portugal

A doação de esperma oferece em Portugal uma possibilidade legalmente regulada de constituição de família – para casais heterossexuais, casais de mulheres e mulheres solteiras. Este artigo analisa o enquadramento jurídico em 2025, esclarece os padrões médicos, explica o processo e apresenta uma visão abrangente sobre direitos de filiação, fiscalidade e sucessão hereditária no contexto da doação de esperma – com um olhar especial para modelos privados como o RattleStork.

Enquadramento legal: quem pode realizar e quem pode recorrer à doação de esperma?

A doação de esperma em Portugal está regulada por legislação específica que assegura a legalidade e a proteção dos envolvidos:

  • Lei n.º 32/2006, de 26 de julho (Regime Jurídico da Procriação Medicamente Assistida – LPMA): estabelece que a doação de gâmetas, incluindo espermatozoides, só pode ocorrer em centros autorizados pelo Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) e mediante consentimento informado de doadores e recipientes.
  • Lei n.º 17/2016, de 20 de junho: alargou o acesso às técnicas de PMA a todas as mulheres, independentemente do estado civil e da orientação sexual, e introduziu disposições sobre gestação de substituição.
  • Lei n.º 72/2021, de 12 de novembro: procedeu à sétima alteração à LPMA, permitindo a inseminação post-mortem nos casos legalmente previstos.

A realização de doações fora dos centros autorizados incorre em riscos legais, podendo o dador vir a ser considerado pai legal e assumir obrigações de pensão de alimentos em processos judiciais.

Para quem a doação de esperma é acessível em Portugal?

  • Casais heterossexuais: com diagnóstico de infertilidade masculina ou risco genético.
  • Casais de mulheres: mulheres casadas ou em união de facto, sem necessidade de diagnóstico de infertilidade (Lei n.º 17/2016).
  • Mulheres solteiras: todas as mulheres podem recorrer às técnicas de PMA, independentemente do estado civil ou orientação sexual.

Não existe exigência de estado civil para acesso à PMA; o critério fundamental é o cumprimento dos requisitos clínicos e legais em centros autorizados.

Quão segura é a doação de esperma do ponto de vista médico?

Nos centros de PMA autorizados pelo CNPMA, o dador é sujeito a rigorosos procedimentos de segurança, incluindo:

  • Triagem para HIV, hepatites B/C, sífilis e outras infeções sexualmente transmissíveis.
  • Diagnóstico genético, por exemplo, fibrose quística e talassemia.
  • Avaliação psicológica prévia.
  • Período de quarentena de seis meses antes da liberação dos gâmetas.

Doações realizadas fora deste sistema não contam com estas garantias de controlo e podem colocar em risco a saúde de recetores e de futuros filhos.

Processo na clínica de fertilidade: como funciona a doação de esperma?

  1. Aconselhamento: avaliação médica, psicológica e jurídica.
  2. Seleção do dador: através de bancos de gâmetas, clínicas ou plataformas autorizadas.
  3. Preparação: monitorização do ciclo e avaliação hormonal.
  4. Inseminação: Inseminação Intrauterina (IIU) ou Fertilização in Vitro com ICSI.
  5. Acompanhamento: teste de gravidez e eventual suporte hormonal.

Direito à identidade: o que vale para a criança?

As crianças nascidas por PMA com doação de esperma têm garantias legais de acesso à sua origem biológica:

  • A partir dos 18 anos: direito a conhecer a identidade civil do dador junto do CNPMA, em virtude da decisão do Tribunal Constitucional (Acórdão 225/2018).
  • Aos 16 anos: acesso a informações sobre impedimentos legais relacionados à paternidade do dador.
  • O dador não é considerado progenitor legal e não assume quaisquer direitos ou deveres parentais.

Co-parenting e limites legais à parentalidade múltipla

O registo civil em Portugal reconhece até duas pessoas como progenitores legais de uma criança. Modelos de co-parenting envolvendo terceiros requerem contratos privados que não conferem estatuto legal de progenitor, servindo apenas para regulamentar cuidados, visitas e obrigações entre as partes.

Pensão de alimentos, fiscalidade e sucessão: armadilhas jurídicas na doação de esperma

Pensão de alimentos

Em doações reguladas em centros autorizados, o dador não assume obrigações de pensão de alimentos.

Fiscalidade

Os custos com técnicas de PMA, incluindo a doação de esperma, são dedutíveis como despesas de saúde no IRS, à taxa de 10% dos valores suportados, com limite de duas vezes o valor do Indexante dos Apoios Sociais (419,22 € × 2 = 838,44 €), conforme o art.º 82.º do CIRS.

Sucessão hereditária

O dador não é considerado herdeiro nem detém qualquer direito sucessório sobre o beneficiário ou sobre o filho gerado pela PMA, salvo disposição testamentária em contrário.

Recomendação

Para doações privadas (fora de centros autorizados), recomenda-se a elaboração de contratos formais que abordem paternidade, pensão de alimentos, regime de visitas e cláusulas sucessórias, garantindo segurança jurídica às partes.

Doação privada com a RattleStork – segurança jurídica

A plataforma RattleStork facilita a doação privada de esperma, permitindo a pesquisa de perfis de dadores, filtragem por características (por exemplo, grupo sanguíneo, formação académica) e definição de acordos personalizados de paternidade, pensão e visitas.

Encontre dadores na RattleStork
RattleStork assegura documentação legal para doação privada de esperma.

Mais informações: RattleStork – organize a doação privada de esperma

A RattleStork fornece modelos de contrato e materiais informativos para garantir acordos juridicamente válidos, incluindo cláusulas sobre pensão de alimentos, paternidade e regime de contactos.

Fontes jurídicas e recursos adicionais

Conclusão

A doação de esperma em Portugal está bem regulamentada, garantindo segurança médica e proteção jurídica quando realizada em centros autorizados. Plataformas privadas como a RattleStork oferecem alternativas flexíveis, mas exigem atenção redobrada aos aspetos legais de paternidade, pensão de alimentos e cláusulas sucessórias. Informar-se antecipadamente, celebrar contratos adequados e contar com apoio jurídico são passos essenciais para uma jornada segura e consciente rumo à parentalidade.

Perguntas Frequentes (FAQ)