Doação de ovócitos 2025 – Custos, taxas de sucesso e enquadramento legal em Portugal

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Zappelphilipp Marx
Placas de Petri e um microscópio de IVF num laboratório durante a preparação da doação de ovócitos

A doação de ovócitos é, para muitas pessoas, a via mais realista para ter um filho. Em Portugal, o procedimento é legal e regulado. Este guia explica, de forma neutra, o processo, o quadro legal português, saúde & riscos, taxas de sucesso, custos e documentos, além de pontos éticos e do debate atual. No fim, indicamos alternativas legais e como a RattleStork pode ajudar noutros contextos.

Como funciona & fundamentos

As doadoras são estimuladas hormonalmente; os ovócitos maduros são colhidos e fecundados em laboratório com sémen (IVF/ICSI). Dependendo da clínica, transferem-se 1–2 embriões e criopreservam-se excedentes. A recetora leva a gravidez; geneticamente, a criança tem origem na doadora.

Enquadramento legal em Portugal

Em Portugal, a doação de ovócitos está prevista e regulada pela Lei n.º 32/2006 (PMA) e legislação subsequente. O CNPMA supervisiona os centros e impõe o registo obrigatório de dadoras, beneficiárias e crianças nascidas de dádiva de terceiros. Após o Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 225/2018 e o novo regime de confidencialidade (2019), não existe anonimato absoluto: ao atingir a maioridade, a pessoa nascida pode aceder à identidade civil da dadora em termos legalmente previstos.

Filiação

Em regra, a maternidade resulta do parto (princípio mater semper certa est) segundo o Código Civil português; a doadora não é considerada progenitora. O consentimento informado e os registos oficiais estruturam a filiação no contexto da PMA.

Saúde & riscos

Doadoras: efeitos adversos da estimulação são, geralmente, ligeiros. A síndrome de hiperestimulação ovárica (OHSS) é rara e mitigada com protocolos modernos (p. ex., trigger com GnRH, “freeze-all”).

Recetoras: existe risco acrescido de doença hipertensiva na gravidez (sobretudo pré-eclâmpsia); são padrão a avaliação prévia, estratificação de risco, eventual profilaxia com AAS e vigilância estreita.

Rastreio de doadoras & matching

Centros sérios avaliam história clínica, idade/AMH, infeções (HIV, HBV/HCV, sífilis), grupo/Rh e, muitas vezes, painéis genéticos. O matching pode ser fenotípico, por grupo sanguíneo ou por preferências clínicas. Na UE, o Single European Code assegura a rastreabilidade de tecidos e células.

Taxas de sucesso

Registos reportam, frequentemente, 45–55% de gravidez clínica por transferência com ovócitos de dadora. Variam com idade/saúde da doadora, qualidade laboratorial/embrionária, número de transferências e fatores uterinos. Ver CDC e relatório ART da ESHRE.

Comparação entre países (2025) – regras, pacotes, preços

Valores indicativos; pacotes, vias legais e prazos variam entre clínicas.

PaísModelo de doaçãoLei/transparênciaPacote habitualCustos típicos* (sem viagem)EsperaNota
Espanhamuito anónimaregisto, SECIVF/ICSI + 1–2 transferências7 000–11 000 €curtagrande oferta de doadoras
Chéquiamuito anónimadepende da clínicaIVF/ICSI + 1 transferência6 000–9 000 €curtaprazos curtos
Gréciamaiorit. anónimaregras judic./admin.IVF/ICSI + criopreservação6 500–10 000 €médiafechar documentos cedo
PortugalabertaCNPMA, registo; acesso aos 18IVF/ICSI + 1–2 transferências7 000–11 000 €médiadireito a conhecer origens
Françaabertasem anonimatoIVF/ICSI + registo7 000–11 000 €médiaalta transparência
Bulgáriamuito anónimalimites por doadoraIVF/ICSI5 500–8 500 €curtaver normas locais
Geórgialiberalnormas em mudançaIVF/ICSI + contratos5 000–8 000 €curtaatenção à segurança jurídica
Ucrânialiberalcontexto volátilIVF/ICSI5 000–8 000 €médiarisco político
Israelreguladaautorização necessáriaIVF/ICSI + comissão9 000–12 000 €médiarequisitos rigorosos
EUAabertavaria por EstadoIVF/ICSI + testes extensos≥ 15 000 €curtacustos mais elevados
Canadáaltruístaproibida remuneraçãoIVF/ICSI + despesas10 000–14 000 €médiacomprovativos necessários
Japãomuito anónimaacesso limitadoIVF/ICSI8 000–12 000 €médiaprática varia

*Pacotes normalmente não incluem fármacos, viagem/estadia, genética opcional (p. ex., PGT-A), taxas de criopreservação e transferências subsequentes. Na UE aplica-se a rastreabilidade pelo Single European Code.

Orçamentar o total com realismo

Para a Europa, um orçamento global de ~12 000–20 000 € é razoável. Extras: fármacos, viagem/estadia, add-ons laboratoriais (assisted hatching, time-lapse), PGT-A (opcional), armazenamento criogénico, transferências posteriores e traduções certificadas. Na América do Norte, o total costuma ser substancialmente superior. As probabilidades acumuladas sobem com várias transferências.

Documentos & regresso após tratamento no estrangeiro

Essenciais: dossiê clínico completo (estimulação, laboratório, embriologia), consentimentos, informação da doadora segundo a lei do país (aberta/anónima, registos), relatórios de transferência, análises relevantes, calendário vacinal e traduções certificadas. Verifica antecipadamente requisitos do país de destino e de Portugal; registos claros agilizam respostas de entidades portuguesas.

Ética & direitos da criança

Centrais: informação sem pressão, proteção da doadora (médica/social), transparência sobre a origem genética e documentação a longo prazo. Muitos países migraram do anonimato para modelos abertos com direitos de acesso aos 18 anos. Dar a conhecer as origens pode beneficiar a construção da identidade na idade adulta.

Debate de reforma (2025)

O regime português evoluiu com o TC n.º 225/2018 e diplomas de 2019 sobre confidencialidade. O Relatório CNPMA 2024 mostra atividade estável na doação de ovócitos e reforça a importância do registo e do acesso às origens.

Alternativas legais em Portugal

Doação de sémen: legal e integrada no SNS/privado; registos obrigatórios e direitos de acesso às origens aos 18 anos.

Doação de embriões: regulada, mas com oferta limitada; requer acompanhamento médico-legal próximo.

Preservação da fertilidade (social freezing): criopreservação de ovócitos próprios é permitida; doação destes a terceiros obedece ao regime da PMA e às decisões sobre confidencialidade/acesso às origens.

Nota importante & alternativa com a RattleStork

A RattleStork não oferece nem intermedeia doação de ovócitos. Como alternativa segura e legal, apoiamos o teu arranque na doação de sémen em Portugal — com perfis verificados, guias práticos e encaminhamento para serviços credenciados. Foco na segurança clínica, na documentação e nos direitos da criança.

App RattleStork com um perfil verificado de dador de sémen num smartphone
RattleStork: alternativa segura em Portugal — doação de sémen com informação e proteção da criança.

Checklist da clínica (curta & prática)

  • Legalidade: modelo de doação (aberta/anónima), registos CNPMA, acesso às origens aos 18.
  • Rastreio da doadora: infeções, painéis genéticos, AMH/idade, apoio psicológico.
  • Qualidade laboratorial: equipa de embriologia, taxas de sucesso auditáveis, protocolos de blastocisto/crio.
  • Segurança: prevenção de OHSS, redução de múltiplos (single-embryo transfer), prevenção de pré-eclâmpsia.
  • Contratos & documentação: consentimentos, traduções, cópias certificadas, dossiê completo.
  • Orçamento & logística: fármacos, viagem, transferências subsequentes, extras; calendário realista.

Quando consultar médica/médico

Sempre antes de tratamento: avaliação de riscos e medicação, comorbilidades, riscos da gravidez, eventual AAS e plano de vigilância; garante a continuidade de cuidados em Portugal.

Conclusão

Em Portugal, a doação de ovócitos é possível e regulada. Segurança jurídica, qualidade do laboratório, acompanhamento médico rigoroso e orçamento realista ao longo de vários ciclos são determinantes. A maternidade legal decorre do parto; a pessoa nascida pode aceder às origens ao atingir a maioridade nos termos da lei. Planeamento estruturado e documentação completa aumentam a segurança e as hipóteses de sucesso.

Leitura útil (curada): Lei n.º 32/2006 (PMA)CNPMA – Doação de ovócitosTC n.º 225/2018 (acesso às origens)Registo obrigatório (CNPMA)CDC ARTESHRE ART ReportSingle European Code.

Aviso legal: O conteúdo da RattleStork é fornecido apenas para fins informativos e educativos gerais. Não constitui aconselhamento médico, jurídico ou profissional; nenhum resultado específico é garantido. A utilização destas informações é por sua conta e risco. Consulte o nosso aviso legal completo.

Frequently Asked Questions (FAQ)

Sim. Está prevista na Lei n.º 32/2006 e regulamentos associados; a atividade é supervisionada pelo CNPMA.

Não é absoluto desde 2018: ao atingir a maioridade, a pessoa nascida pode aceder à identidade civil da doadora, nos termos legais aplicáveis.

Em regra, a mulher que dá à luz (parto). A doadora não adquire estatuto de progenitora por via da doação.

Frequentemente 45–55% por transferência com ovócitos doados, variando por idade da doadora, qualidade laboratorial e fatores uterinos.

Efeitos geralmente ligeiros; OHSS é raro e prevenido com protocolos atuais e monitorização clínica.

Sim, maior risco de doença hipertensiva da gravidez; exige vigilância e medidas preventivas personalizadas.

Em regra, 12 000–20 000 € na Europa (sem viagem/estadia); na América do Norte, o total tende a ser mais elevado.

Nem sempre. Confirma definições e pergunta pela idade média das doadoras, n.º de transferências e qualidade do laboratório.

Pode ser útil em casos selecionados, mas não garante gravidez; discute riscos/benefícios com a clínica.

Sim, a preservação da fertilidade é permitida; o destino a terceiros obedece ao regime legal da PMA.

Dossiê clínico completo, consentimentos, registos da doadora, relatórios de transferência e traduções certificadas conforme necessário.

Não. A RattleStork não oferece nem intermedeia doação de ovócitos; apoiamos caminhos legais como a doação de sémen.

Verifica registo CNPMA, rastreios e políticas de acesso às origens, qualidade laboratorial, taxas auditáveis e documentação completa.