Como é feito o espermograma – custos, valores da OMS e dicas para qualidade do sêmen

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escrito por Philomena Marx09 de junho de 2025
Cena de laboratório: análise microscópica de amostra de sêmen

Para muitos casais no Brasil que enfrentam dificuldade para engravidar, o espermograma é o primeiro exame objetivo para avaliar a fertilidade masculina. Seguindo os protocolos da OMS, os laboratórios medem digitalmente concentração, motilidade e morfologia dos espermatozoides. Neste guia você vai entender todo o procedimento, os custos pelo SUS e em clínicas particulares, os valores de referência da OMS e as práticas comprovadas para melhorar a qualidade do seu sêmen.

O que é um espermograma?

É um exame laboratorial que avalia diversos parâmetros do sêmen para determinar a fertilidade masculina:

  • Concentração – espermatozoides por mililitro
  • Motilidade – percentagem de células móveis (progressivas e não-progressivas)
  • Morfologia – percentagem de espermatozoides com forma normal
  • Volume – quantidade total de fluido ejaculado
  • Vitalidade – percentagem de espermatozoides vivos
  • pH – indicador de alterações ácido-base
  • Leucócitos – excesso pode indicar inflamação ou infecção

Quando fazer o exame?

Diretrizes da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) recomendam o espermograma após 12 meses de relações regulares sem proteção sem ocorrência de gravidez. Se a parceira tiver mais de 35 anos ou houver fatores de risco (varicocele, quimioterapia, radioterapia), o exame pode ser antecipado para 6 meses.

  • Infertilidade primária ou secundária
  • Anomalias hormonais
  • Controle antes ou após vasectomia
  • Abortos de repetição na parceira
  • Cirurgias ou radioterapia na região pélvica

Custos e cobertura

No SUS (Sistema Único de Saúde), o espermograma é realizado sem custo ao paciente mediante solicitação médica. Em clínicas particulares, o preço varia entre R$ 150 e R$ 300. Planos de saúde costumam reembolsar total ou parcialmente o valor — verifique a cobertura junto à sua operadora.

Procedimento: preparo e coleta da amostra

Preparo:

  • Abstinência de 2 a 7 dias antes do exame
  • Evitar álcool, tabaco e drogas nas 48 horas anteriores
  • Não estar com febre nem infecções agudas
  • Dormir bem e reduzir o estresse

Coleta:

  • Higienizar mãos e genitais apenas com água e sabão neutro
  • Não usar lubrificantes nem preservativos lubrificados
  • Coletar todo o ejaculado em recipiente estéril fornecido pelo laboratório

Se fizer em casa, mantenha a amostra a cerca de 37 °C (por exemplo, no bolso interno da roupa) e entregue ao laboratório em até 60 minutos.

Valores de referência da OMS (6ª ed., 2021)

  • Volume: ≥ 1,5 mL
  • Concentração: ≥ 15 milhões/mL
  • Total de espermatozoides: ≥ 39 milhões por ejaculado
  • Motilidade total: ≥ 40 %
  • Motilidade progressiva: ≥ 32 %
  • Morfologia: ≥ 4 %
  • Vitalidade: ≥ 58 %
  • pH: ≥ 7,2

Valores abaixo podem indicar redução de fertilidade, mas não definem infertilidade definitiva.

Qualidade do laboratório: o que observar

Procure laboratórios autorizados pela ANVISA e que participem de programas de proficiência externa. O uso rigoroso de protocolos da OMS e dupla leitura independente assegura maior precisão.

Duração do exame e entrega do laudo

A análise microscópica leva de 60 a 120 minutos. O laudo completo fica pronto em 2–4 dias úteis, geralmente disponibilizado via portal online seguro, e comentado com o médico posteriormente.

Interpretação de resultados fora da normalidade

  • Oligospermia – baixa contagem
  • Astenospermia – motilidade reduzida
  • Teratospermia – morfologia alterada
  • Cryptozoospermia – concentração muito baixa
  • Azoospermia – ausência de espermatozoides

Recomenda-se repetir o exame após cerca de seis semanas para excluir variações fisiológicas.

Causas comuns de alteração da qualidade

  • Desequilíbrios hormonais (testosterona, FSH, LH, prolactina)
  • Fatores genéticos (ex.: Síndrome de Klinefelter)
  • Infecções (clamídia, orquite viral)
  • Estilo de vida: tabagismo, álcool, obesidade, estresse crônico
  • Exposição ambiental: calor excessivo, pesticidas, plastificantes

Febres altas ou medicamentos específicos podem alterar temporariamente os parâmetros.

6 dicas para melhorar a qualidade do sêmen

  • Alimentação saudável: antioxidantes (vitaminas C, E, zinco), ômega-3, frutas e verduras
  • Exercício moderado: evitar atividades que causem calor excessivo
  • Reduzir toxinas: parar de fumar e moderar o consumo de álcool
  • Gerir o estresse: meditação, yoga e técnicas de respiração
  • Manter testículos frescos: usar roupa íntima folgada e não apoiar o laptop sobre as pernas
  • Suplementos: coenzima Q10 ou L-carnitina podem ajudar—consulte seu médico

Meta-análise de Nagy et al., 2021 comprova que essas mudanças melhoram significativamente contagem e motilidade.

Diagnósticos avançados e tratamentos de fertilidade

Se os resultados forem preocupantes, o especialista pode solicitar:

  • Avaliação hormonal completa
  • Testes genéticos (cariotipo, microdeleções do cromossomo Y)
  • Ultrassonografia testicular
  • Teste de fragmentação de DNA espermático
  • Extração cirúrgica de espermatozoides (TESE/MESA) em azoospermia

Técnicas de reprodução assistida como FIV ou ICSI muitas vezes superam problemas de qualidade do sêmen.

Se o resultado for normal – o que fazer?

Um laudo normal exclui a maioria das causas masculinas. Se a gravidez não ocorrer, investigue também a parceira (monitoramento de ciclo, exames hormonais, teste pós-coito). Centros de reprodução assistida auxiliam no planejamento dos passos seguintes.

Conclusão

O espermiograma oferece dados objetivos sobre a fertilidade masculina. Abnormalidades podem ser corrigidas com mudanças de estilo de vida, terapias específicas e, se necessário, técnicas de reprodução assistida. Quando tudo está dentro dos parâmetros, o enfoque conjunto de ambos os parceiros maximiza as chances: a fertilidade é um esforço de equipe.

Perguntas Frequentes (FAQ)