Teste genético pré‑implantacional 2025 – Etapas, custos e legislação no Brasil

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Zappelphilipp Marx
Blastocisto ao microscópio durante uma biópsia de trofoectoderme em laboratório de fertilização in vitro

O teste genético pré‑implantacional (PGT), ainda chamado em muitos serviços de diagnóstico genético pré‑implantacional (DGPI ou PGD), permite analisar o material genético de embriões criados em laboratório antes de um deles ser transferido para o útero. Para casais com alto risco de transmitir doenças hereditárias graves ou com histórico de abortos de repetição, essa tecnologia pode reduzir a chance de uma nova gestação afetada ou de mais perdas antes do nascimento. Este texto resume, em linguagem direta, como o PGT funciona na prática no Brasil, para quem costuma ser indicado, quais custos são realistas e quais limites são colocados pela legislação e pelas normas de ética médica brasileiras.

O que é exatamente o teste genético pré‑implantacional?

No contexto de um ciclo de fertilização in vitro (FIV) ou ICSI, o PGT significa que os embriões são cultivados no laboratório até o estágio de blastocisto. Nesse momento, o laboratório retira cuidadosamente algumas células da camada externa do embrião – a trofoectoderme, que formará a placenta – e envia essas células para análise genética. A massa celular interna, que dará origem ao feto, não é tocada.

Do ponto de vista internacional, fala‑se cada vez mais em Preimplantation Genetic Testing (PGT) como termo guarda‑chuva, e não apenas em “PGD”. Sociedades como a ESHRE, a ASRM e também entidades brasileiras como a Febrasgo e a SBRH publicam recomendações técnicas e éticas sobre o tema.

É importante reforçar: PGT não substitui o acompanhamento pré‑natal nem os exames de rotina na gravidez. Ele pode reduzir o risco de determinadas doenças genéticas e parte dos abortos espontâneos, mas não garante um bebê “100% saudável” nem uma gestação sem complicações.

Glossário rápido PGT & PGD

  • PGT / PGD – termo amplo para exames genéticos feitos em embriões antes da transferência.
  • PGT‑M – testa uma doença monogênica específica conhecida na família, como fibrose cística, doença de Huntington, algumas distrofias musculares ou hemoglobinopatias.
  • PGT‑A – avalia se há alterações numéricas dos cromossomos (aneuploidias), como trissomia 21, 18 ou 13, que costumam levar a falhas de implantação e abortos.
  • PGT‑SR – indicado quando um dos pais tem uma alteração estrutural dos cromossomos (por exemplo, translocação equilibrada), para identificar embriões com rearranjos desequilibrados.
  • niPGT‑A – PGT‑A não invasivo, que analisa DNA livre no meio de cultura em vez de células biopsiadas; promissor, mas ainda visto principalmente como técnica em fase de estudo.

Para quem o PGT costuma ser indicado no Brasil?

No Brasil, PGT é geralmente reservado a situações em que há justificativa médica clara. Exemplos frequentes:

  • Existência de mutação genética conhecida na família, associada a doença hereditária grave, com risco alto de recorrência.
  • Presença, em um dos cônjuges, de alteração cromossômica estrutural (como translocação equilibrada) ligada a abortos de repetição ou malformações graves.
  • Histórico de gestações anteriores interrompidas por diagnóstico de doença genética ou cromossômica severa.
  • Vários abortos espontâneos consecutivos em que se suspeita ou se confirmou causa genética.
  • Situações raras em que se considera conceber uma criança HLA‑compatível para doar medula a um irmão doente – tema sensível, que exige avaliação ética criteriosa.

Além dessas indicações clássicas, alguns centros oferecem PGT‑A como “add‑on” em FIV, por exemplo em casos de idade materna avançada ou repetidas falhas de implantação. As resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) e de conselhos regionais orientam que essas decisões sejam sempre bem justificadas, com informação clara sobre limites e incertezas.

Passo a passo de um ciclo com PGT

  1. Consulta de genética e planejamento – um médico geneticista (ou profissional com experiência em medicina genética) revisa a história familiar e exames prévios, discute se PGT faz sentido e qual tipo (PGT‑M, PGT‑A, PGT‑SR) é adequado. Para PGT‑M, muitas vezes é necessário confirmar a mutação na família e montar um ensaio personalizado.
  2. Estimulação ovariana – por cerca de 8–12 dias, a mulher aplica injeções hormonais para estimular o crescimento de vários folículos. Exames de sangue e ultrassons seriados ajustam as doses e reduzem riscos como a síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO).
  3. Punção de óvulos e fertilização – a coleta de óvulos é feita por via transvaginal, em centro cirúrgico, sob sedação ou anestesia leve. Os óvulos são fertilizados em laboratório com o sêmen do parceiro (FIV convencional ou ICSI), e os embriões resultantes são cultivados em incubadoras.
  4. Cultivo embrionário e biópsia – no quinto ou sexto dia, quando os embriões atingem o estágio de blastocisto, a equipe faz uma biópsia retirando algumas células do trofoectoderma. No niPGT‑A, em vez de células, o laboratório analisa DNA presente no meio de cultura.
  5. Análise genética – as amostras seguem para um laboratório de genética especializado, que utiliza técnicas como NGS (sequenciamento de nova geração) ou arrays. O prazo de resultado varia (geralmente entre alguns dias e duas semanas).
  6. Transferência ou congelamento – embriões considerados geneticamente adequados e também de boa qualidade morfológica são transferidos um a um para o útero (transferência “fresh”) ou, mais frequentemente, congelados (vitrificados) e transferidos em ciclos futuros, após a liberação dos laudos genéticos.

Custos no Brasil em 2025

Um ciclo de FIV com PGT é bem mais caro do que uma FIV padrão, pois envolve exames genéticos sofisticados, mais procedimentos laboratoriais e uma equipe ampliada. Os valores variam muito entre cidades e clínicas, mas é possível traçar algumas faixas de referência:

ServiçoFaixa de custo típica 2025 (BRL)O que inclui?
Avaliação genética & desenho do testeR$ 1.500–6.000Consultas com geneticista, montagem de árvore familiar, exames de confirmação e planejamento do painel de PGT‑M ou PGT‑SR.
PGT‑M / PGT‑A / PGT‑SRR$ 8.000–20.000Biópsia de vários embriões, análise em laboratório de genética, bioinformática e emissão de laudos.
Ciclo de FIV / ICSIR$ 15.000–30.000Monitorização, punção de óvulos, fertilização, cultivo embrionário e, em alguns casos, uma primeira transferência (sem PGT incluso).
Medicamentos de estimulaçãoR$ 5.000–12.000Gonadotrofinas, desencadeador de ovulação, medicação de suporte, variando conforme dose e convênios.
Congelamento & armazenamentoR$ 2.000–5.000 (congelamento) + R$ 800–1.800/anoVitrificação dos embriões e taxa anual para mantê‑los em nitrogênio líquido.
Add‑ons (time‑lapse, niPGT‑A, etc.)R$ 3.000–8.000Uso de incubadora com time‑lapse, upgrades para métodos não invasivos ou outros módulos adicionais.

No Brasil, o SUS oferece em alguns locais programas de reprodução assistida, mas o acesso é restrito e, em geral, não inclui PGT. Na rede privada, a maior parte dos custos recai sobre o paciente. Alguns planos de saúde reembolsam parcialmente medicamentos ou atos médicos, porém, na prática, PGT costuma ser considerado procedimento de alta complexidade e, muitas vezes, não consta do rol de cobertura obrigatória.

Por isso, é fundamental pedir um orçamento detalhado à clínica (com todos os itens discriminados) e checar com antecedência, junto ao plano de saúde e à equipe financeira, que parte desses valores pode ser reembolsada ou parcelada.

Taxas de sucesso e riscos

As taxas de sucesso de um ciclo com PGT dependem principalmente da idade da mulher, da reserva ovariana, da qualidade dos espermatozoides, da indicação clínica e do número de embriões geneticamente adequados disponíveis. Em registros internacionais, as taxas médias de nascidos vivos por transferência de embrião ficam em torno de 20–25%, com números maiores em pacientes abaixo de 35 anos e menores depois dos 40.

Idade da mulherNascidos vivos por transferênciaLeitura em contexto de PGT
< 35 anosaprox. 30–40%Geralmente há mais embriões euploides; PGT pode reduzir abortos e transferências “em vão”.
35–39 anosaprox. 20–30%PGT‑A pode ajudar a identificar embriões com cariótipo normal e evitar parte das falhas de implantação.
≥ 40 anos< 20%A proporção de embriões cromossomicamente normais é bem menor; PGT deixa o prognóstico mais claro, mas não reverte o efeito da idade.

Riscos médicos e emocionais

  • Biópsia embrionária e mosaicismo – a biópsia ao nível de blastocisto é considerada segura em centros experientes, mas embriões mosaico (com linhagens celulares normais e anormais) são difíceis de interpretar. Decidir se vale a pena transferir esse tipo de embrião exige análise cuidadosa e individualizada.
  • Efeitos colaterais da estimulação – inchaço, desconforto abdominal, ganho de peso e alterações de humor são comuns; a SHO grave se tornou menos frequente com protocolos modernos, mas não desapareceu.
  • Limitações do niPGT‑A – as versões não invasivas ainda carecem de validação robusta; o risco de descartar embriões com potencial ou aceitar embriões com alterações não detectadas existe.
  • Impacto psicológico – o desejo de engravidar, o medo de repetir uma experiência traumática, o peso financeiro e a pressão familiar podem gerar muita ansiedade e tristeza. Acompanhamento psicológico, grupos de apoio e um espaço seguro para conversar em casal são tão importantes quanto a parte técnica do tratamento.

Comparação internacional 2025

Muitos casais brasileiros também pesquisam opções fora do país, seja pela percepção de melhores taxas de sucesso, por custos diferentes ou por acesso a programas de doação e outras técnicas. Alguns pontos de comparação:

Brasil

  • Boas clínicas privadas de reprodução assistida com experiência em PGT‑A, PGT‑M e PGT‑SR nas principais capitais.
  • Regulação baseada em resoluções do CFM e normas da ANVISA; legislação específica sobre reprodução assistida ainda em construção.
  • Custo elevado para o padrão de renda médio, com pouca cobertura integral pelos planos de saúde.

Argentina / Chile

  • Mercado de reprodução assistida em crescimento, com oferta de PGT a preços por vezes competitivos para brasileiros.
  • Diferenças de regulação e transparência; importante avaliar acreditações, resultados e logística de retorno.

Estados Unidos / Canadá

  • PGT amplamente disponível, incluindo protocolos personalizados e combinações com programas de doação e gestação por substituição.
  • Custos significativamente mais altos por ciclo; dependência de seguro de saúde robusto ou grande capacidade financeira.

Europa (Espanha, República Tcheca, Grécia)

  • Grandes centros de FIV com PGT, experiência consolidada e pacote de serviços para pacientes internacionais.
  • Incluem muitas vezes doação de óvulos e sêmen em um mesmo pacote; a distância, o idioma e os custos de viagem precisam entrar na conta.

Marco legal e normas éticas no Brasil

O Brasil não possui, até o momento, uma lei única e abrangente específica para reprodução assistida, mas o uso de PGT é balizado por um conjunto de normas legais e éticas, incluindo a Constituição Federal, o Código Civil, o Código de Ética Médica, resoluções do CFM (como a nº 2.294/21 e atualizações) e regulamentações da ANVISA.

  • As resoluções do CFM estabelecem que técnicas de reprodução assistida, incluindo PGT, devem ser utilizadas para tratar infertilidade e prevenir doenças genéticas, e não para fins eugenistas ou de seleção não médica.
  • A seleção de sexo por motivos não médicos é vedada; testes relacionados aos cromossomos sexuais podem ser considerados apenas em situações de doenças ligadas ao sexo.
  • Os serviços de reprodução assistida devem manter registros adequados, assegurar consentimento livre e esclarecido e respeitar limites de criopreservação e descarte de embriões previstos em norma.
  • A utilização de embriões para pesquisa ou outras finalidades deve seguir regras específicas da ANVISA e das comissões de ética em pesquisa (CEP/CONEP).
  • Por não haver uma lei única, decisões judiciais e pareceres de conselhos profissionais também influenciam a prática, reforçando a necessidade de acompanhamento em centros que atuem estritamente dentro das normas vigentes.

Informações atualizadas podem ser encontradas nos sites do CFM, da ANVISA e de sociedades médicas como a SBRH e a Febrasgo.

Dicas práticas para casais brasileiros

  1. Comece por fontes confiáveis – procure primeiro informações em sociedades médicas, grandes hospitais e órgãos oficiais; use fóruns e redes sociais apenas como complemento.
  2. Peça um orçamento detalhado – exija que a clínica discrimine FIV, PGT, medicações, anestesia, congelamento, armazenamento e qualquer “extra”, para saber exatamente quanto cada parte custará.
  3. Converse cedo com o plano de saúde – mesmo que o PGT em si não seja coberto, alguns planos podem reembolsar medicamentos, consultas ou parte do procedimento; peça confirmação por escrito.
  4. Planeje a possibilidade de mais de um ciclo – principalmente em idade avançada ou com doenças complexas, um único ciclo pode não ser suficiente; isso impacta tempo, finanças e a energia emocional do casal.
  5. Invista em suporte emocional – terapia individual ou de casal, grupos de apoio e conversas honestas com pessoas de confiança ajudam a lidar com culpa, medo e frustração durante o processo.

Alternativas ao PGT e questões éticas

PGT não é a única opção nem necessariamente a melhor para todos. Alternativas incluem engravidar sem PGT e realizar diagnóstico pré‑natal (como biópsia de vilo corial ou amniocentese), usar gametas de doadores para evitar determinada mutação, considerar adoção ou acolhimento, ou decidir conscientemente não fazer testes genéticos.

Em termos éticos, casais frequentemente se veem entre o desejo de ter um filho o mais saudável possível, o respeito pela dignidade de pessoas com deficiência e a preocupação com até que ponto a sociedade deve normalizar a seleção de embriões. Aconselhamento genético e psicológico de qualidade pode ajudar a estruturar essas reflexões e a chegar a uma escolha coerente com a história e os valores de cada família, sem pressão de fora.

Conclusão

O teste genético pré‑implantacional pode ser um recurso valioso para casais no Brasil com alto risco genético, ajudando a prevenir doenças graves e a reduzir parte dos abortos de repetição. Ao mesmo tempo, é uma técnica complexa, cara e emocionalmente exigente, inserida em um contexto legal e ético ainda em evolução. Informar‑se bem, planejar com realismo e buscar apoio especializado e afetivo são passos essenciais para decidir se o PGT deve fazer parte do seu caminho até a parentalidade.

Aviso legal: O conteúdo da RattleStork é fornecido apenas para fins informativos e educacionais gerais. Não constitui aconselhamento médico, jurídico ou profissional; nenhum resultado específico é garantido. O uso destas informações é por sua conta e risco. Consulte o nosso aviso legal completo.

Perguntas frequentes (FAQ)

É um exame genético feito em embriões criados por FIV ou ICSI antes de um deles ser transferido para o útero. Serve principalmente para casais com alto risco de doença genética ou com histórico de gestações afetadas, permitindo selecionar embriões sem a mutação (ou com menor risco) e, assim, reduzir a chance de repetir a mesma situação no futuro.

O PGT‑A avalia o número de cromossomos, ajudando a identificar embriões com aneuploidias que muitas vezes não implantam ou evoluem para aborto. O PGT‑M procura uma mutação específica em um gene que já é conhecida na família. O PGT‑SR é voltado a casais em que um dos parceiros tem uma alteração estrutural cromossômica e visa excluir embriões com rearranjos desequilibrados.

Geralmente, casais com diagnóstico de doença genética grave na família, portadores de translocações ou outras alterações cromossômicas relevantes, casais que já tiveram filhos ou gestações com patologias genéticas severas e casos de abortos de repetição com provável causa genética. O uso de PGT‑A apenas para “melhorar a taxa de gravidez” em todos os casais é mais controverso e deve ser discutido com critério com a equipe médica, à luz das resoluções do CFM e da melhor evidência científica disponível.

Do início da estimulação ovariana até a punção dos óvulos passam em torno de duas semanas, seguidas de 5–6 dias de cultivo até blastocisto. A análise genética pode levar de alguns dias a duas semanas. Em muitos serviços, todos os embriões são congelados após a biópsia e a transferência é feita em um ciclo posterior, o que significa que o intervalo entre o início do tratamento e a primeira transferência com PGT costuma ficar entre 1 e 3 meses, dependendo da organização da clínica e de detalhes do protocolo.

O PGT não transforma um ciclo de FIV em garantia de gravidez. Em muitas coortes, as taxas de nascidos vivos por transferência de embrião ficam por volta de 20–30%, variando conforme a idade e o contexto clínico. Em mulheres mais jovens, com boa reserva ovariana, PGT pode diminuir o número de abortos e a quantidade de transferências fracassadas. Em idades mais avançadas, o desafio principal é obter embriões geneticamente normais; às vezes o PGT revela que não há embriões com bom prognóstico em um determinado ciclo, o que, embora frustrante, evita tentativas com baixa probabilidade de sucesso.

Com as técnicas atuais de biópsia em blastocisto, retira‑se um pequeno número de células da camada externa, sem tocar a massa celular interna. Estudos de seguimento não mostram, até o momento, aumento claro de malformações em crianças nascidas após PGT em comparação a FIV sem PGT, quando o procedimento é feito em centros experientes. Ainda assim, a possibilidade de algum impacto na capacidade de implantação existe, por isso é fundamental que a biópsia seja indicada com critério e realizada por laboratórios com alto padrão de qualidade.

Um embrião mosaico contém uma mistura de células com cromossomos normais e células com alterações. Como o PGT analisa apenas parte das células, o laudo pode não refletir perfeitamente o embrião inteiro. Decidir se um embrião mosaico deve ser transferido é complexo e depende do tipo de alteração, da porcentagem de células afetadas, da idade da paciente e da existência de embriões completamente normais. Essa decisão deve ser tomada em conjunto com a equipe clínica e de genética, após discussão cuidadosa dos riscos e incertezas.

Não. O niPGT‑A é uma tecnologia promissora, mas ainda não existe consenso de que sua precisão seja equivalente à do PGT‑A baseado em biópsia. Em muitos casos, especialmente em embriões mosaico, a correlação entre o que se encontra no meio de cultura e o estado real do embrião é imperfeita. Assim, a maior parte das clínicas brasileiras que utiliza niPGT‑A o faz de modo complementar ou em protocolos de pesquisa, e não como substituto completo do método tradicional.

Somando uma FIV com PGT, medicamentos, exames, congelamento e pelo menos um transfer, a maior parte dos casais acaba na faixa de R$ 25.000 a R$ 50.000 por tentativa, dependendo da cidade, clínica e quantidade de embriões analisados. Se forem necessários dois ou três ciclos até se chegar a uma gestação de termo, o investimento total aumenta proporcionalmente. Por isso, além de pensar em “quanto custa um ciclo”, é importante simular cenários com mais de uma tentativa ao planejar o orçamento familiar.

Na maioria dos casos, não há cobertura integral específica para PGT nos planos de saúde brasileiros. Alguns planos reembolsam parcialmente consultas, exames laboratoriais ou medicamentos, mas exames genéticos de alta complexidade e procedimentos de FIV com PGT frequentemente são considerados fora do rol de cobertura obrigatória da ANS. As regras variam muito entre operadoras e contratos, então é fundamental conversar diretamente com o plano, pedir a análise do caso e, se possível, obter as respostas por escrito antes de iniciar o tratamento.

Sim, o PGT é permitido no Brasil, desde que realizado em conformidade com o Código de Ética Médica, as resoluções do CFM e as normas da ANVISA e de conselhos regionais. As clínicas devem ter responsabilidade técnica definida, seguir protocolos aprovados em comissões de ética, obter consentimento livre e esclarecido e respeitar as proibições previstas, como o uso do PGT para seleção de sexo por motivos não médicos. Órgãos como CFM, conselhos regionais e ANVISA podem ser acionados em caso de dúvidas ou denúncias sobre condutas inadequadas.

Entre as alternativas ao PGT estão: engravidar (naturalmente ou via FIV) e recorrer a exames de diagnóstico pré‑natal, considerar uso de gametas de doadores, avaliar adoção ou acolhimento, ou optar conscientemente por não realizar testes genéticos. Cada uma dessas opções tem implicações médicas, legais, financeiras e emocionais diferentes. Por isso, é recomendável conversar em profundidade com o time médico, com um geneticista e, se possível, com um psicólogo, para entender qual caminho faz mais sentido para a realidade e os valores de vocês.

Procure clínicas com experiência comprovada em PGT, boa reputação, dados de resultados acessíveis (taxas de gravidez, de nascidos vivos, de complicações), laboratório de genética confiável, equipe multiprofissional (incluindo aconselhamento genético e psicológico) e transparência de custos. Se estiver considerando tratamento fora do Brasil, verifique também a legislação local, as certificações, a comunicação em português ou inglês, a logística de viagem e o plano de acompanhamento após o retorno. Um time que explica claramente limitações e riscos, e não apenas promete altos índices de sucesso, tende a ser mais confiável.