Teste Genético Pré-implantacional 2025 – Procedimento, Custos e Regulamentação no Brasil

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escrito por Zappelphilipp Marx29 de junho de 2025
Blastocisto visto ao microscópio durante biópsia celular

O teste genético pré-implantacional (PGT, antes chamado PGD) permite analisar o DNA de embriões obtidos por fertilização in vitro antes da transferência para o útero. Para casais com alto risco de doenças hereditárias graves ou abortos de repetição, essa técnica eleva significativamente a chance de alcançar uma gestação saudável. No Brasil, o PGT é autorizado desde 2013 por resoluções do Conselho Federal de Medicina (atualmente CFM nº 2.294/2021) e fiscalizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Glossário rápido

  • PGT / PGD – análise genética de células embrionárias antes da transferência
  • PGT-M – rastreio de mutações monogênicas (p. ex. fibrose cística, anemia falciforme)
  • PGT-A – rastreio de aneuploidias (alterações no número de cromossomos)
  • niPGT-A – versão não invasiva que analisa DNA livre no meio de cultivo

Para quem o PGT é indicado?

  • Mutação patogênica comprovada com ≥ 25 % de risco de transmissão
  • Rearranjos cromossômicos equilibrados (translocações, inversões)
  • Dois ou mais abortos sem causa detectada apesar de tratamento
  • Idade materna > 37 anos e desejo de reduzir o risco de aborto via PGT-A

Procedimento em seis etapas

  1. Estimulação ovariana – 8 – 12 dias de gonadotrofinas
  2. Coleta de óvulos – punção transvaginal sob sedação
  3. Fertilização in vitro (FIV ou ICSI)
  4. Cultura e biópsia embrionária – 5.º dia, retirada de 5 – 10 células No niPGT-A analisa-se o DNA livre; não há biópsia.
  5. Análise genética por NGS; resultado em 24 – 48 h
  6. Transferência ou criopreservação de embriões euploides

Tendências tecnológicas 2025

  • niPGT-A – mesma precisão sem o estresse da biópsia
  • IA + time-lapse – algoritmos cruzam cinética de divisão com perfis genéticos
  • eSET 2.0 – transferência eletiva de único embrião + PGT-A, reduz gêmeos sem perder taxa de sucesso

Marco regulatório no Brasil

  • CFM nº 2.294/2021 – normas para reprodução assistida e PGT
  • ANVISA RDC 33/2006 – boas práticas em bancos de células e tecidos germinativos
  • Seleção de sexo proibida, exceto para evitar doença ligada ao cromossomo X
  • Laboratórios de genética precisam de Licença Sanitária estadual/municipal

A lista de clínicas autorizadas pode ser consultada no portal do SBRA/REDLARA.

Custos médios no Brasil 2025

  • Ciclo FIV base – R$ 22 000 – 30 000
  • Medicação hormonal – R$ 8 000 – 12 000
  • Painel PGT-M ou PGT-A – R$ 15 000 – 25 000 por coorte
  • Criopreservação – ± R$ 2 000/ano
  • Extras
    • niPGT-A – R$ 6 000 – 8 000
    • Monitoramento time-lapse – R$ 3 000 – 4 000

O SUS não cobre FIV nem PGT; alguns planos de saúde premium reembolsam parcial­mente. Clínicas oferecem parcelamento e financiamento próprio.

Taxas de sucesso e riscos

Segundo o Registro Latino-Americano (REDLARA 2024), a taxa média de nascidos vivos por transferência no Brasil é de 25 %, chegando a 38 % em mulheres < 35 anos. Uma meta-análise internacional (PGT-A Review 2023) mostra que o PGT-A reduz o risco de aborto em ~ 25 % em pacientes ≥ 38 anos.

  • Falso positivo – até 5 % de embriões mosaico podem ser descartados à toa
  • Risco da biópsia – mínimo em centros experientes
  • Efeitos hormonais – protocolos modernos mantêm OHSS < 1 %
  • Impacto emocional – esperar o laudo pode ser estressante; apoio psicológico é indicado

Dicas práticas para casais brasileiros

  1. Peça orçamentos detalhados – pacotes variam muito entre clínicas
  2. Confirme reembolso do plano de saúde antes de iniciar
  3. Faça consulta com geneticista credenciado – avalia a real necessidade do PGT
  4. Reserve verba para > 1 ciclo – frequentemente são necessárias 2 ou mais tentativas
  5. Busque apoio emocional – psicólogos especializados e grupos de pacientes (Fertility Friends BR)

Comparação internacional 2025

Argentina

  • PGT permitido; custos mais baixos
  • PGT-A: US$ 2 500 – 3 500

Estados Unidos

  • PGT-A é add-on padrão
  • Extra: US$ 4 000 – 6 000

Espanha

  • Sistema liberal; cobertura parcial pública
  • PGT-A: € 2 500 – 4 000

Portugal

  • Financiamento pelo SNS até 3 ciclos
  • Custo PGT-A: € 2 800 – 4 200

Tailândia

  • Destino popular de turismo de fertilidade
  • Pacotes PGT-A a partir de US$ 2 500

Conclusão

O teste genético pré-implantacional oferece aos casais brasileiros com risco genético elevado uma via concreta para ter um bebê saudável. Embora 2025 traga recordes de precisão, o processo continua exigindo recursos médicos, financeiros e emocionais. Transparência de custos, aconselhamento especializado e expectativas realistas são essenciais para uma decisão bem-informada.

Perguntas Frequentes (FAQ)

O PGT é um exame laboratorial que analisa o DNA dos embriões obtidos por fertilização in vitro antes de seu retorno ao útero, permitindo identificar mutações genéticas ou anomalias cromossômicas e, assim, aumentar a probabilidade de uma gravidez saudável.

Existem dois tipos principais: o PGT-Avaliação (PGT-A), que verifica desequilíbrios no número de cromossomos (aneuploidias), e o PGT-Monogênico (PGT-M), que identifica mutações específicas em um único gene associadas a doenças hereditárias, como fibrose cística.

O PGT é indicado para casais com histórico de mutação genética de alto risco, mulheres que sofreram abortos recorrentes, pacientes com alterações cromossômicas complexas e mulheres com mais de 37 anos que desejam reduzir o risco de perda gestacional.

Um ciclo de FIV com PGT inclui estimulação ovariana por cerca de 8 a 12 dias, coleta de óvulos, fertilização por FIV ou ICSI, cultivo dos embriões até o estágio de blastocisto, coleta de amostra para análise genética, sequenciamento de nova geração em até 48 horas e transferência ou criopreservação dos embriões considerados saudáveis.

Estudos clínicos mostram que a taxa de nascimento de bebês vivos após transferência de embriões avaliados por PGT varia entre 20% e 30%, podendo atingir até 40% em mulheres com menos de 35 anos; além disso, o PGT-A demonstrou reduzir em cerca de 25% o risco de aborto em mulheres acima de 38 anos.

Os principais riscos incluem resultados falso-positivos em embriões mosaicos, impacto mínimo na taxa de implantação devido ao procedimento de biópsia, possibilidade rara de síndrome de hiperestimulação ovariana e tensão emocional durante o período de espera pelos resultados.

A autorização ética e a análise laboratorial do PGT costumam custar entre R$ 7.000 e R$ 20.000, enquanto o custo total de um ciclo completo, incluindo medicamentos, coleta de óvulos e criopreservação, pode ultrapassar R$ 40.000.

A maioria dos planos de saúde não inclui o PGT no rol de procedimentos obrigatórios; algumas operadoras privadas podem oferecer cobertura parcial mediante autorização prévia e comprovação de necessidade médica.

O niPGT-A (PGT não invasivo) analisa o DNA livre presente no meio de cultura dos embriões sem a necessidade de coletar células diretamente, eliminando qualquer risco de lesão ao embrião durante o procedimento.

O time-lapse monitora continuamente o desenvolvimento embrionário, fornecendo dados morfocinéticos, enquanto a TEU, quando combinada ao PGT, reduz significativamente o risco de gravidez múltipla sem comprometer a taxa de sucesso.

No Brasil, o PGT segue as normas da ANVISA e as resoluções do Conselho Federal de Medicina sobre reprodução assistida, exigindo que clínicas sejam credenciadas e cumpram critérios éticos e laboratoriais.

As considerações éticas envolvem o debate sobre a seleção de embriões, o risco de “bebês sob medida” e o respeito aos direitos das pessoas com deficiência; o aconselhamento ético e o consentimento informado são essenciais antes de realizar o PGT.

O aconselhamento genético avalia se o PGT é indicado em cada caso, explica riscos e alternativas disponíveis e orienta o casal sobre as reais chances de sucesso com base na história familiar e nos resultados de exames prévios.

Recomenda-se optar por clínicas credenciadas pela ANVISA com experiência comprovada em PGT, transparência nos resultados de sucesso, valores claros e suporte multidisciplinar que inclua equipe médica, genética e psicologia.

As principais alternativas são procedimentos realizados durante a gravidez, como amniocentese e biópsia de vilo corial, que permitem diagnóstico genético, mas apresentam riscos próprios e não substituem o exame pré-implantação.