O teste genético pré-implantacional (PGT, antes chamado PGD) permite analisar o DNA de embriões obtidos por fertilização in vitro antes da transferência para o útero. Para casais com alto risco de doenças hereditárias graves ou abortos de repetição, essa técnica eleva significativamente a chance de alcançar uma gestação saudável. No Brasil, o PGT é autorizado desde 2013 por resoluções do Conselho Federal de Medicina (atualmente CFM nº 2.294/2021) e fiscalizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Glossário rápido
- PGT / PGD – análise genética de células embrionárias antes da transferência
- PGT-M – rastreio de mutações monogênicas (p. ex. fibrose cística, anemia falciforme)
- PGT-A – rastreio de aneuploidias (alterações no número de cromossomos)
- niPGT-A – versão não invasiva que analisa DNA livre no meio de cultivo
Para quem o PGT é indicado?
- Mutação patogênica comprovada com ≥ 25 % de risco de transmissão
- Rearranjos cromossômicos equilibrados (translocações, inversões)
- Dois ou mais abortos sem causa detectada apesar de tratamento
- Idade materna > 37 anos e desejo de reduzir o risco de aborto via PGT-A
Procedimento em seis etapas
- Estimulação ovariana – 8 – 12 dias de gonadotrofinas
- Coleta de óvulos – punção transvaginal sob sedação
- Fertilização in vitro (FIV ou ICSI)
- Cultura e biópsia embrionária – 5.º dia, retirada de 5 – 10 células No niPGT-A analisa-se o DNA livre; não há biópsia.
- Análise genética por NGS; resultado em 24 – 48 h
- Transferência ou criopreservação de embriões euploides
Tendências tecnológicas 2025
- niPGT-A – mesma precisão sem o estresse da biópsia
- IA + time-lapse – algoritmos cruzam cinética de divisão com perfis genéticos
- eSET 2.0 – transferência eletiva de único embrião + PGT-A, reduz gêmeos sem perder taxa de sucesso
Marco regulatório no Brasil
- CFM nº 2.294/2021 – normas para reprodução assistida e PGT
- ANVISA RDC 33/2006 – boas práticas em bancos de células e tecidos germinativos
- Seleção de sexo proibida, exceto para evitar doença ligada ao cromossomo X
- Laboratórios de genética precisam de Licença Sanitária estadual/municipal
A lista de clínicas autorizadas pode ser consultada no portal do SBRA/REDLARA.
Custos médios no Brasil 2025
- Ciclo FIV base – R$ 22 000 – 30 000
- Medicação hormonal – R$ 8 000 – 12 000
- Painel PGT-M ou PGT-A – R$ 15 000 – 25 000 por coorte
- Criopreservação – ± R$ 2 000/ano
- Extras
- niPGT-A – R$ 6 000 – 8 000
- Monitoramento time-lapse – R$ 3 000 – 4 000
O SUS não cobre FIV nem PGT; alguns planos de saúde premium reembolsam parcialmente. Clínicas oferecem parcelamento e financiamento próprio.
Taxas de sucesso e riscos
Segundo o Registro Latino-Americano (REDLARA 2024), a taxa média de nascidos vivos por transferência no Brasil é de 25 %, chegando a 38 % em mulheres < 35 anos. Uma meta-análise internacional (PGT-A Review 2023) mostra que o PGT-A reduz o risco de aborto em ~ 25 % em pacientes ≥ 38 anos.
- Falso positivo – até 5 % de embriões mosaico podem ser descartados à toa
- Risco da biópsia – mínimo em centros experientes
- Efeitos hormonais – protocolos modernos mantêm OHSS < 1 %
- Impacto emocional – esperar o laudo pode ser estressante; apoio psicológico é indicado
Dicas práticas para casais brasileiros
- Peça orçamentos detalhados – pacotes variam muito entre clínicas
- Confirme reembolso do plano de saúde antes de iniciar
- Faça consulta com geneticista credenciado – avalia a real necessidade do PGT
- Reserve verba para > 1 ciclo – frequentemente são necessárias 2 ou mais tentativas
- Busque apoio emocional – psicólogos especializados e grupos de pacientes (Fertility Friends BR)
Comparação internacional 2025
Argentina
- PGT permitido; custos mais baixos
- PGT-A: US$ 2 500 – 3 500
Estados Unidos
- PGT-A é add-on padrão
- Extra: US$ 4 000 – 6 000
Espanha
- Sistema liberal; cobertura parcial pública
- PGT-A: € 2 500 – 4 000
Portugal
- Financiamento pelo SNS até 3 ciclos
- Custo PGT-A: € 2 800 – 4 200
Tailândia
- Destino popular de turismo de fertilidade
- Pacotes PGT-A a partir de US$ 2 500
Conclusão
O teste genético pré-implantacional oferece aos casais brasileiros com risco genético elevado uma via concreta para ter um bebê saudável. Embora 2025 traga recordes de precisão, o processo continua exigindo recursos médicos, financeiros e emocionais. Transparência de custos, aconselhamento especializado e expectativas realistas são essenciais para uma decisão bem-informada.