A fertilização in vitro (FIV) é o principal método de reprodução assistida quando técnicas menos invasivas não são suficientes. Nesta versão, detalhamos etapas, custos, taxas de sucesso, riscos e tendências atuais, adaptados ao contexto do Brasil e apresentados de forma clara e completa.
Custos e organização da FIV no Brasil
O custo de um ciclo completo de FIV em clínicas privadas brasileiras varia aproximadamente entre R$ 20.000 e R$ 50.000, dependendo de protocolos, exames complementares e eventual doação de óvulos.
- Estimulação ovariana e monitoramento: R$ 4.000–R$ 8.000 (ultrassons e hormônios).
- Punção folicular e laboratório: R$ 8.000–R$ 15.000 (fecundação e cultivo de embriões).
- Transferência embrionária e acompanhamento: R$ 2.000–R$ 4.000.
- Criopreservação de embriões: R$ 3.000 + R$ 1.000/ano de armazenamento.
- Exames e testes opcionais: PGT, perfil genético, doação de gametas, variam conforme clínica.
Cobertura pública (SUS): muito limitada; tratamentos de reprodução assistida no SUS ocorrem em poucos centros de alta complexidade, com listas de espera longas. Convênios privados podem cobrir parte dos custos.
Passo a passo: como funciona a FIV
- Estimulação ovariana: 8–12 dias com gonadotrofinas, com ultrassons e exames de sangue frequentes.
- Disparo de ovulação: aplicação de hCG ou agonista de GnRH 34–36 horas antes da punção.
- Punção folicular: procedimento ambulatorial de curta duração, sob sedação leve, indolor.
- Preparação do sêmen: seleção e concentração de espermatozoides móveis.
- Fecundação em laboratório: FIV convencional ou ICSI (microinjeção) em casos de fator masculino grave.
- Cultivo embrionário: incubação time-lapse até dia 3 (8 células) ou dia 5 (blastocisto).
- Transferência embrionária: geralmente de um único embrião (SET) para reduzir riscos de gravidez múltipla.
- Suporte de fase lútea: progesterona vaginal até a 10ª–12ª semana de gestação.
- Teste de gravidez: dosagem de β-hCG no sangue 12–14 dias após a transferência; primeiro ultrassom cerca de 10 dias depois.
- Freeze-all e criotransferência (opcional): vitrificação de todos os embriões em casos de risco de hiperestimulação ou endométrio desfavorável, com transferência em ciclo subsequente.
Taxas de sucesso
De acordo com registros nacionais e internacionais (2023–2024), as taxas de nascimento de bebê vivo por ciclo são:
- < 35 anos: 45–55 %
- 35–37 anos: 35–45 %
- 38–40 anos: 25–35 %
- 41–42 anos: 15–25 %
- > 42 anos: < 10 %
Com embriões congelados transferidos posteriormente, a taxa acumulada de nascimentos pode ultrapassar 60 % em mulheres jovens < 35 anos.
Quem não é um bom candidato?
- Reserva ovariana muito baixa (AMH < 0,5 ng/ml) ou idade materna avançada (> 45 anos).
- Doenças sistêmicas graves sem controle (diabetes, doenças autoimunes, distúrbios hormonais).
- Alterações anatômicas ou contraindicações médicas que impeçam sedação ou procedimentos ginecológicos.
Nesses casos, recomenda-se otimização médica e mudanças no estilo de vida antes de iniciar a FIV.
Dicas para maximizar as chances
- Manter IMC saudável, parar de fumar e moderar o álcool; suplementar ácido fólico e vitamina D diariamente.
- Praticar exercício moderado e técnicas de manejo de estresse (meditação, yoga).
- Melhorar hábitos do parceiro masculino ao menos 90 dias antes para otimizar qualidade espermática.
- Considerar suplementos como CoQ10 e DHEA em casos de baixa resposta ovariana, sempre sob orientação médica.
Avanços e tendências atuais
- Seleção embrionária com IA: análise de imagens e parâmetros morfocinéticos.
- Incubadoras time-lapse: monitoramento contínuo sem variações de temperatura.
- PGT-A/PGT-M: testes genéticos pré-implantacionais para reduzir abortos.
- FIV “suave” e natural: uso reduzido de hormônios.
- Social freezing: congelamento de óvulos antes dos 35 anos.
Riscos e efeitos colaterais
- Hiperestimulação ovariana (OHSS): risco maior em respondedoras elevadas; protocolo “freeze-all” minimiza.
- Gravidez múltipla: SET reduz consideravelmente o risco de complicações.
- Complicações obstétricas: leve aumento de pré-eclâmpsia e parto prematuro.
- Impacto emocional: estresse e ansiedade elevados; apoio psicológico recomendado.
- Custos adicionais: medicações, testes genéticos e criotransferências posteriores.
Aspectos legais no Brasil
- Resolução CFM nº 2.168/2017: regula reprodução assistida e garante anonimato dos doadores.
- Doação de gametas anonimamente permitida; nenhum vínculo legal entre doador e filho.
- Gestação de substituição (“barriga de aluguel”) tem respaldo judicial caso a caso, sem lei específica.
- Pacientes até 50 anos podem realizar procedimentos, conforme avaliação médica.
Comparação de técnicas
- ICI / IVI – Inseminação domiciliar
Introdução de sêmen próximo ao colo do útero com seringa ou copo; indicado para infertilidade leve ou uso de sêmen de doador; custo baixo. - IUI – Inseminação intrauterina
Injeção de sêmen lavado diretamente no útero; indicado em casos de fatores masculinos moderados; custo médio. - FIV – Fertilização In Vitro
Estimulação ovariana, coleta de óvulos e fecundação em laboratório; técnica padrão em casos complexos; maior sucesso e custo. - ICSI – Microinjeção intracitoplasmática
Injeção de um espermatozoide no óvulo; indicado em infertilidade masculina severa; custo elevado.
Fontes e diretrizes
Conclusão
A fertilização in vitro combina tecnologia avançada, protocolos personalizados e seleção auxiliada por IA, oferecendo taxas de sucesso superiores a 60 % em mulheres até 35 anos. Informar-se adequadamente, ter apoio psicológico e contar com equipe multidisciplinar são fundamentais para encarar o processo com confiança e maximizar as chances de gravidez.