Fertilização In Vitro (FIV) – Guia Completo, Custos e Taxas de Sucesso

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escrito por Zappelphilipp Marx27 de maio de 2025
Embriologista observando o cultivo de embriões em laboratório de FIV sob microscópio

A fertilização in vitro (FIV) é o principal método de reprodução assistida quando técnicas menos invasivas não são suficientes. Nesta versão, detalhamos etapas, custos, taxas de sucesso, riscos e tendências atuais, adaptados ao contexto do Brasil e apresentados de forma clara e completa.

Custos e organização da FIV no Brasil

O custo de um ciclo completo de FIV em clínicas privadas brasileiras varia aproximadamente entre R$ 20.000 e R$ 50.000, dependendo de protocolos, exames complementares e eventual doação de óvulos.

  • Estimulação ovariana e monitoramento: R$ 4.000–R$ 8.000 (ultrassons e hormônios).
  • Punção folicular e laboratório: R$ 8.000–R$ 15.000 (fecundação e cultivo de embriões).
  • Transferência embrionária e acompanhamento: R$ 2.000–R$ 4.000.
  • Criopreservação de embriões: R$ 3.000 + R$ 1.000/ano de armazenamento.
  • Exames e testes opcionais: PGT, perfil genético, doação de gametas, variam conforme clínica.

Cobertura pública (SUS): muito limitada; tratamentos de reprodução assistida no SUS ocorrem em poucos centros de alta complexidade, com listas de espera longas. Convênios privados podem cobrir parte dos custos.

Passo a passo: como funciona a FIV

  1. Estimulação ovariana: 8–12 dias com gonadotrofinas, com ultrassons e exames de sangue frequentes.
  2. Disparo de ovulação: aplicação de hCG ou agonista de GnRH 34–36 horas antes da punção.
  3. Punção folicular: procedimento ambulatorial de curta duração, sob sedação leve, indolor.
  4. Preparação do sêmen: seleção e concentração de espermatozoides móveis.
  5. Fecundação em laboratório: FIV convencional ou ICSI (microinjeção) em casos de fator masculino grave.
  6. Cultivo embrionário: incubação time-lapse até dia 3 (8 células) ou dia 5 (blastocisto).
  7. Transferência embrionária: geralmente de um único embrião (SET) para reduzir riscos de gravidez múltipla.
  8. Suporte de fase lútea: progesterona vaginal até a 10ª–12ª semana de gestação.
  9. Teste de gravidez: dosagem de β-hCG no sangue 12–14 dias após a transferência; primeiro ultrassom cerca de 10 dias depois.
  10. Freeze-all e criotransferência (opcional): vitrificação de todos os embriões em casos de risco de hiperestimulação ou endométrio desfavorável, com transferência em ciclo subsequente.

Taxas de sucesso

De acordo com registros nacionais e internacionais (2023–2024), as taxas de nascimento de bebê vivo por ciclo são:

  • < 35 anos: 45–55 %
  • 35–37 anos: 35–45 %
  • 38–40 anos: 25–35 %
  • 41–42 anos: 15–25 %
  • > 42 anos: < 10 %

Com embriões congelados transferidos posteriormente, a taxa acumulada de nascimentos pode ultrapassar 60 % em mulheres jovens < 35 anos.

Quem não é um bom candidato?

  • Reserva ovariana muito baixa (AMH < 0,5 ng/ml) ou idade materna avançada (> 45 anos).
  • Doenças sistêmicas graves sem controle (diabetes, doenças autoimunes, distúrbios hormonais).
  • Alterações anatômicas ou contraindicações médicas que impeçam sedação ou procedimentos ginecológicos.

Nesses casos, recomenda-se otimização médica e mudanças no estilo de vida antes de iniciar a FIV.

Dicas para maximizar as chances

  • Manter IMC saudável, parar de fumar e moderar o álcool; suplementar ácido fólico e vitamina D diariamente.
  • Praticar exercício moderado e técnicas de manejo de estresse (meditação, yoga).
  • Melhorar hábitos do parceiro masculino ao menos 90 dias antes para otimizar qualidade espermática.
  • Considerar suplementos como CoQ10 e DHEA em casos de baixa resposta ovariana, sempre sob orientação médica.

Avanços e tendências atuais

  • Seleção embrionária com IA: análise de imagens e parâmetros morfocinéticos.
  • Incubadoras time-lapse: monitoramento contínuo sem variações de temperatura.
  • PGT-A/PGT-M: testes genéticos pré-implantacionais para reduzir abortos.
  • FIV “suave” e natural: uso reduzido de hormônios.
  • Social freezing: congelamento de óvulos antes dos 35 anos.

Riscos e efeitos colaterais

  • Hiperestimulação ovariana (OHSS): risco maior em respondedoras elevadas; protocolo “freeze-all” minimiza.
  • Gravidez múltipla: SET reduz consideravelmente o risco de complicações.
  • Complicações obstétricas: leve aumento de pré-eclâmpsia e parto prematuro.
  • Impacto emocional: estresse e ansiedade elevados; apoio psicológico recomendado.
  • Custos adicionais: medicações, testes genéticos e criotransferências posteriores.

Aspectos legais no Brasil

  • Resolução CFM nº 2.168/2017: regula reprodução assistida e garante anonimato dos doadores.
  • Doação de gametas anonimamente permitida; nenhum vínculo legal entre doador e filho.
  • Gestação de substituição (“barriga de aluguel”) tem respaldo judicial caso a caso, sem lei específica.
  • Pacientes até 50 anos podem realizar procedimentos, conforme avaliação médica.

Comparação de técnicas

  • ICI / IVI – Inseminação domiciliar
    Introdução de sêmen próximo ao colo do útero com seringa ou copo; indicado para infertilidade leve ou uso de sêmen de doador; custo baixo.
  • IUI – Inseminação intrauterina
    Injeção de sêmen lavado diretamente no útero; indicado em casos de fatores masculinos moderados; custo médio.
  • FIV – Fertilização In Vitro
    Estimulação ovariana, coleta de óvulos e fecundação em laboratório; técnica padrão em casos complexos; maior sucesso e custo.
  • ICSI – Microinjeção intracitoplasmática
    Injeção de um espermatozoide no óvulo; indicado em infertilidade masculina severa; custo elevado.

Fontes e diretrizes

Conclusão

A fertilização in vitro combina tecnologia avançada, protocolos personalizados e seleção auxiliada por IA, oferecendo taxas de sucesso superiores a 60 % em mulheres até 35 anos. Informar-se adequadamente, ter apoio psicológico e contar com equipe multidisciplinar são fundamentais para encarar o processo com confiança e maximizar as chances de gravidez.

Perguntas Frequentes (FAQ)

As taxas de nascimento vivo por ciclo no Brasil variam entre 45–55 % (< 35 anos), 35–45 % (35–37 anos), 25–35 % (38–40 anos), 15–25 % (41–42 anos) e < 10 % (> 42 anos). Com criotransferências, a taxa acumulada pode ultrapassar 60 % em mulheres jovens.

Cerca de 60 % dos casais obtêm gravidez após três ciclos completos (incluindo criotransferências). Após seis ciclos, a taxa acumulada ultrapassa 80 % em mulheres menores de 35 anos.

Em clínica privada: R$ 20.000–50.000 por ciclo. A cobertura pelo SUS é muito limitada e depende de centros de alta complexidade, com listas de espera e critérios rigorosos.

Realiza-se sob sedação ou anestesia leve e é indolor. Após o procedimento, podem ocorrer leve desconforto e cólicas, controláveis com analgésicos leves.

Protocolo antagonista, dose inicial baixa de gonadotrofinas, disparo com GnRH em vez de hCG e estratégia “freeze-all” reduzem o risco em < 1 %.

O SET reduz complicações associadas a gravidez múltipla (prematuridade, pré-eclâmpsia), mantendo altas taxas acumuladas com criotransferências posteriores.

Indicados para mulheres ≥ 35 anos ou com abortos recorrentes, para reduzir risco de falha de implantação. Exigem autorização ética.

Estimulação com doses muito reduzidas de hormônios. Vantagens: menor custo e baixa incidência de OHSS; desvantagens: menos óvulos e necessidade de mais ciclos.

Indicado se estradiol estiver elevado, risco de OHSS, endométrio subótimo ou teste de COVID positivo. Todos os embriões ficam vitrificados e a transferência ocorre em ciclo posterior.

Estudos iniciais apontam aumento de 5–10 % na implantação, embora não seja prática clínica padrão ainda.

IMC ideal entre 20–25, cessar tabaco e álcool moderado, suplementar vitamina D e ácido fólico, atividade física regular e gestão de estresse.

Podem melhorar a reserva ovariana em “low responders”. Evidência moderada; consultar especialista.

Endometriose leve/moderada pouco reduz taxas de implantação. Em casos severos, cirurgia ou down-regulação com GnRH antes recomendados.

Muitos centros tratam até IMC 35 kg/m². Acima disso, taxas de nascidos vivos caem e complicações aumentam; perder 5–10 % de peso ajuda.

Estimulação 8–12 dias → punção no dia 0 → transferência no dia 3–5. De início a teste de gravidez: около 4 semanas.

Clínicas com psicólogos especializados, associações de pacientes e fóruns online como comunidade RattleStork.

Recomendado em casos de doenças hereditárias, abortos recorrentes, OAT grave ou incompatibilidade sanguínea.

Apesar de permitida no Brasil, buscam protocolos específicos ou maior disponibilidade de dadores em outros países.

Ideal antes dos 35 anos; até os 38 mantém taxas de sucesso semelhantes à idade de congelamento.

ICSI recomendado se < 1 milhão de espermatozoides progressivos/mL, teratozoospermia severa, falha prévia de fecundação ou uso de material TESE.