O que acontece durante a menopausa?
À medida que a reserva de folículos ovariários diminui, descem os níveis de estrogénio e progesterona. Se a menstruação cessar durante doze meses consecutivos, chamamos retrospectivamente de menopausa; em Portugal a idade média situa-se pouco abaixo dos 51 anos. A prolongada perimenopausa precede esta fase e costuma manifestar-se com irregularidades do ciclo e as primeiras ondas de calor.
Como se manifestam os sintomas?
A curto prazo dominam os sintomas vasomotores, como ondas de calor, suores noturnos e distúrbios do sono. Muitas mulheres relatam também alterações de humor, enxaquecas transitórias, fadiga ou diminuição da libido. A longo prazo, a carência de estrogénio conduz frequentemente a secura vaginal, problemas urinários e a um risco acrescido de osteoporose e doenças cardiovasculares.
Enfrentar desafios emocionais com confiança
Cerca de uma em cada quatro mulheres sofre de alterações do estado de espírito durante a peri- ou postmenopausa. Estratégias comprovadas incluem terapia cognitivo-comportamental, exercícios de relaxamento baseados em mindfulness e troca aberta em grupos de apoio. Estas abordagens reforçam comprovadamente a autoestima e a resiliência.
Fatores que podem adiantar ou atrasar a menopausa
A genética é o fator individual mais determinante – não raro a idade da menopausa coincide com a da mãe. Para além disso, os seguintes fatores podem influenciar a data:
- Tabagismo: Mais de dez anos-pacote adiantam a menopausa em média dois anos (Meta-análise NIH).
- Índice de massa corporal (IMC): Peso muito baixo acelera, obesidade moderada pode atrasar ligeiramente – mas implica outros riscos para a saúde.
- Tóxicos ambientais: PCB, dioxinas ou BPA têm efeito anti-estrogénio e encurtam a fase fértil.
- Stress crónico e falta de sono: Perturbam o eixo hormonal; a evidência é heterogénea, mas o mecanismo é plausível.
Transição suave com a nutrição certa
Não existe uma “dieta anti-menopausa” única, mas certos nutrientes fazem grande diferença:
- Isoflavonas de soja: Reduzem as ondas de calor em cerca de 20%, sem alterar a idade de início (Revisão Cochrane).
- Frutos e legumes coloridos: Fornecem carotenoides e polifenóis associados a menopausa mais tardia em estudos de coorte.
- Ácidos gordos ômega-3: Do peixe gordo ou linhaça, com ação anti-inflamatória e proteção cardíaca.
- Cálcio e vitamina D: Essenciais para preservar a massa óssea.

Minimizar fatores de risco no dia a dia
Algumas alavancas estão sob o seu controlo. Ajustá-las cedo pode adiar a menopausa por anos e promover uma segunda fase da vida mais saudável:
- Deixar de fumar: Cada dia sem fumo conta – quanto antes, maior o benefício.
- Moderação no álcool: Desfrute com medida; dias sem álcool beneficiam o fígado e estabilizam hormonas.
- Manter peso saudável: Um IMC entre 18,5 e 25 apoia o metabolismo e o equilíbrio hormonal.
- Evitar tóxicos: Prefira recipientes sem BPA e opte por produtos biológicos.
- Gerir o stress: Meditação, yoga ou exercícios de respiração reduzem o cortisol e apoiam o ritmo hormonal.
- Priorizar o sono: 7–8 horas num quarto fresco e escuro, com rotinas regulares, facilitam o descanso.
Exercício – o seu escudo multifuncional
Procure acumular 150 minutos de exercício aeróbico moderado e duas sessões de força por semana para manter coração, músculos e ossos fortes. Embora pouco influencie o momento da menopausa, retarda a perda óssea, melhora a qualidade do sono e reduz significativamente as ondas de calor.
Check-ups que vale a pena fazer
A prevenção compensa: a partir dos 40 anos, as sociedades científicas recomendam densitometrias ósseas regulares e exames anuais de pressão arterial, perfil lipídico e glicemia. Manter as vacinações em dia (gripe, herpes zóster) alivia a carga no organismo.
Terapia de substituição hormonal (HRT) – benefícios e riscos
Para sintomas intensos, a HRT é considerada o padrão-ouro: alivia as ondas de calor, protege os ossos e promove sono reparador. No entanto, a combinação de estrogénio-progestagénio aumenta o risco de trombose e alguns tipos de cancro. Uma avaliação individual de riscos e benefícios com o seu ginecologista é, por isso, essencial.
Alternativas suaves – o que a investigação revela
Muitas mulheres complementam com métodos de base vegetal ou holísticos:
- Erva-cimicífuga & trevo-vermelho: Podem reduzir moderadamente as ondas de calor; a qualidade dos estudos varia.
- Acupuntura: Uma meta-análise da BMJ mostrou redução na frequência e intensidade das ondas de calor com tratamento regular.
- Aromaterapia ou homeopatia: Principalmente relatos positivos; a evidência científica é limitada. Consulte sempre um médico antes de experimentar.
Dica: Registe efeitos e potenciais efeitos secundários para, junto da sua equipa médica, avaliar rapidamente o que funciona melhor.
Conclusão
Não pode impedir completamente a menopausa, mas pode adiar significativamente o seu início deixando de fumar, mantendo um peso saudável, integrando alimentos ricos em isoflavonas, evitando tóxicos, exercitando-se regularmente e gerindo o stress. Se os sintomas forem persistentes, a HRT ou suplementos naturais cuidadosamente selecionados podem oferecer alívio eficaz – sempre sob supervisão médica.