Relógio biológico feminino – fertilidade a partir dos 35 anos, reserva ovariana e qualidade dos óvulos

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Zappelphilipp Marx
Ilustração: ampulheta cuja parte superior está cheia de óvulos como grãos de areia

Desde o início dos 30 anos, a fertilidade feminina começa a declinar, e a partir dos 35 anos essa queda fica mais acentuada. Aos 40 anos, a probabilidade de concepção natural por ciclo cai para menos de 5 %. Quem avalia cedo a reserva ovariana — e adota medidas específicas, de um estilo de vida saudável ao “social freezing” — amplia muito suas opções.

Reserva ovariana (AMH & AFC) – sua poupança biológica

Ao nascer, há cerca de um milhão de folículos (precursores de óvulos); no início da primeira menstruação restam aproximadamente 300 000. A partir daí, seu “capital” diminui a cada mês: milhares de folículos se perdem e apenas um ovócito geralmente amadurece. Dois marcadores medem sua reserva:

  • AMH (hormônio anti-Mülleriano): níveis ≥ 1 ng/ml são favoráveis; < 0,7 ng/ml são considerados baixos.
  • Contagem de folículos antrais (AFC): 5–7 pequenos folículos por ovário na ultrassonografia é o normal.

Um FSH (hormônio folículo-estimulante) elevado no início do ciclo sinaliza muitas vezes que os ovários precisam de estimulação extra.

Idade e qualidade dos óvulos: o que acontece no ovário?

  • Perda de folículos: a partir da metade dos 30 anos, o número de folículos cai até 5 % ao ano.
  • Anomalias cromossômicas: o risco de trisomias, como a síndrome de Down, aumenta com a idade.
  • Envelhecimento mitocondrial: mitocôndrias mais velhas geram menos energia e podem comprometer o desenvolvimento embrionário.
  • Alterações hormonais: queda do estradiol e aumento do FSH encurtam o ciclo e reduzem a janela de implantação.

Fertilidade a partir dos 35 anos: números e dados

Chance de concepção natural por ciclo: ~25–30 % abaixo dos 30; ~15 % aos 35; < 5 % aos 40.
Taxa de aborto espontâneo: ~10 % < 30 anos; ~34 % aos 40.
Taxa de nascidos vivos em FIV (EUA 2024): segundo a CDC, 41 % < 35 anos; 23 % entre 38–40; < 10 % > 42. CDC National Summary.
Infertilidade global: 1 em cada 6 casais sofre de infertilidade. Ficha da OMS sobre infertilidade

Como melhorar a qualidade dos óvulos

  • Parar de fumar: a nicotina reduz o fluxo sanguíneo nos ovários e acelera o envelhecimento.
  • Manter peso saudável: IMC entre 19–25 favorece o equilíbrio hormonal; extremos prejudicam a maturação.
  • Limitar o álcool: mais de uma dose por semana pode reduzir a taxa de fertilização.
  • Sono regular: rotina de sono estável equilibra hormônios; evite turnos noturnos.
  • Evitar toxinas: BPA, pesticidas e metais pesados são disruptores endócrinos — prefira vidro, inox e orgânicos.
  • Avaliação do parceiro: em um terço dos casos, a limitação está na qualidade do sêmen — um espermograma esclarece.

Testando a fertilidade – AMH, AFC e monitoramento do ciclo

  • Teste de AMH: avalia a reserva (aprox. R$ 300–500).
  • Ultrassom de AFC: conta folículos antrais (aprox. R$ 400–600).
  • Monitoramento do ciclo: temperatura basal, tiras de LH ou wearables revelam o padrão de ovulação.
  • PGT-A (teste genético): triagem pré-implantação em FIV reduz risco de aneuploidias (aprox. R$ 1 500–2 500).

Social freezing – processo, sucesso e custos

Processo

  1. 10–12 dias de estimulação hormonal com injeções diárias
  2. Controles regulares via ultrassom e dosagem hormonal
  3. Punção de óvulos sob sedação leve (≈ 15 min)
  4. Vitrificação a −196 °C

Taxas de sucesso

< 35 anos: precisam-se 12–20 óvulos para ~40 % de nascidos vivos por transferência.
> 38 anos: < 10 % de sucesso por óvulo.

Custos

  • Ciclo de estimulação e coleta: R$ 20 000–40 000
  • Armazenamento anual: R$ 2 000–3 000
  • Cobertura de planos de saúde varia; muitas vezes só em indicação médica

Regulamentação

No Brasil, doação e congelamento de óvulos são regulados pela Resolução CFM 2168/2017 e normas da ANVISA (NOB 07/2013). A doação é voluntária e anônima, e os registros devem ser mantidos para eventual acesso do filho.

Condições pré-existentes e fatores de risco

A idade não é tudo: certas doenças podem agravar a infertilidade.

Endometriose: tecido do endométrio fora do útero causa aderências e dor; diagnosticada por ultrassom ou laparoscopia.

Síndrome do ovário policístico (SOP): múltiplos cistos, ciclos irregulares e resistência à insulina; painel hormonal necessário.

Distúrbios da tireoide: hipo ou hipertireoidismo atrapalham a ovulação; dosagens de TSH, T3 e T4 no sangue esclarecem.

Trombofilias: fator V Leiden e outras aumentam risco de aborto; exame de coagulação pode ser indicado.

Identificou um risco? Consulte um endocrinologista reprodutivo para avaliação e tratamento individualizado.

Seu plano a partir de hoje

  1. Verificar marcadores: faça AMH e AFC no próximo ciclo.
  2. Consulte uma clínica: se tiver > 35 anos e 6 meses sem grávida, procure um especialista em fertilidade.
  3. Considere congelar: se planeja adiar gravidez após 35–37 anos.
  4. Plano de 90 dias: dieta, exercício, manejo do estresse e parar de fumar.
  5. Use o app RattleStork: acompanhe o ciclo, receba orientação ou encontre doadores.

Doação de esperma com RattleStork – opção sem parceiro

Se a qualidade óvular não for suficiente ou faltar parceiro, a doação de esperma pode realizar seu projeto de gravidez. Com RattleStork, acesse perfis verificados e escolha doação anônima, coparentalidade ou inseminação domiciliar.

Smartphone mostrando perfis de doadores no app RattleStork
No app RattleStork, encontre o doador ideal em poucos toques.

Conclusão

Você não para o relógio biológico — mas, conhecendo sua reserva, otimizando seu estilo de vida e explorando opções como congelamento ou doação, aumenta suas chances. A RattleStork apoia você com informação baseada em evidências, ferramentas práticas e comunidade ativa.

Aviso legal: O conteúdo da RattleStork é fornecido apenas para fins informativos e educacionais gerais. Não constitui aconselhamento médico, jurídico ou profissional; nenhum resultado específico é garantido. O uso destas informações é por sua conta e risco. Consulte o nosso aviso legal completo.

Perguntas Frequentes (FAQ)

Testes de AMH e ultrassom de AFC são úteis já no início dos 30 anos. A partir dos 35, um acompanhamento anual detecta cedo a queda da reserva.

O AMH reflete o total de folículos; o AFC conta os folículos antrais visíveis. Juntos oferecem estimativa precisa da reserva.

Sim. Dieta rica em proteínas, antioxidantes, ômega-3, vitaminas D & E e minerais essenciais sustenta a saúde celular e a qualidade óvular.

Social freezing inclui estimulação ovariana, coleta e vitrificação de óvulos. Indicado para quem quiser adiar gravidez por motivos pessoais ou profissionais.

OHSS pode causar dor abdominal, náuseas e retenção de líquidos. Monitoramento rigoroso minimiza riscos.

Oferecemos perfis de doadores verificados, opções flexíveis e coordenação digital de consultas e envios.

Um ciclo privado de FIV custa entre R$ 20 000 e R$ 40 000. Cobertura por planos varia conforme indicação médica.

Estresse crônico desregula hormônios, causa ciclos irregulares e pode comprometer qualidade dos óvulos. Técnicas de relaxamento, como yoga, são recomendadas.

Deficiência de vitamina D associa-se a níveis baixos de AMH e menor taxa de gravidez. Manter 20–60 ng/ml ajuda na regulação hormonal e implantação.

PGT-A (teste genético pré-implantação) detecta anomalias cromossômicas, melhorando taxas de implantação e nascimentos vivos.

Testes detectam picos de LH na urina; apps analisam temperatura basal e muco cervical para prever a ovulação.

Doação de óvulos é indicada em casos de reserva muito baixa ou falhas repetidas de FIV. Regulada pela Resolução CFM 2168/2017 e normas ANVISA.

Um controle anual costuma ser suficiente. Em casos de queda rápida ou endometriose, pode-se recomendar monitoramento semestral.